sexta-feira, 25 de julho de 2014

Cosmovisão Cristã e Democracia


O evangelho, como conjunto de ideias, produz inevitáveis consequências práticas para a totalidade da vida humana.
Seus efeitos são inevitáveis.
Sendo assim, há um modo de vida que poderíamos chamar de cristão. O que não significa apenas ser gente boa.
Ser cristão não é sinónimo de ser do bem. Certamente o cristão ama e quer o bem.
Ser cristão, contudo, é ver a vida de um determinado modo e ajustar a conduta a essa forma de enxergar o mundo que o cerca.
O cristianismo, portanto, presta-se para algumas coisas, que podem ser vistas como corolário da sua mensagem.
O cristão, por exemplo, sempre deverá ser a favor de regimes políticos democráticos. Em razão do seu alto conceito sobre a vida humana, o cristianismo jamais tolerará que o ser humano seja governado sem o seu consentimento.
Mais do que isso. Em razão do seu realismo, da sua completa falta de romantismo quanto à natureza humana, a fé cristã sempre condenará todo regime totalitário. O poder tem a tendência de servir ao poder.
Seu carácter corruptor é implacável.
Como diz Bertrand de Jouvenel:

“Um homem sozinho pode governar uma imensa massa porque forjou um instrumento que lhe permite ser "o mais forte" em relação a qualquer um: é o aparelho do Estado. O conjunto submetido constitui um "bem" do monarca, por meio do qual ele sustenta seu luxo, alimenta sua força, recompensa as fidelidades e persegue os fins que sua ambição lhe propõe”.

Para o evangelho, o poder tem que ser diluído, de modo que ninguém seja investido de demasiada autoridade. Numa sociedade cristã, mecanismos serão sempre criados visando arrancar do poder corruptos e incompetentes. Nada melhor para isso do que regimes democráticos, baseados no império da lei, nos quais há eleições livres, sufrágio universal e controle social.

Por: António Carlos Costa.

Fonte: Facebook de António Carlos Costa

(formatado e convertido para grafia Pt-pt por Paulo Anselmo)