terça-feira, 24 de junho de 2014

A verdadeira sabedoria do sacrifício na Vida


A essência da sabedoria é o temor a Deus!
Então e o que é o temor a Deus? Será o medo de Deus?!
Não não! Veremos que sabedoria não é apenas duvidar e querer reconhecer ignorância como Sócrates dizia, duvidando e duvidando, analisando e analisando tudo. Isso é o inicio do processo, e Sócrates sabia-o. Sabedoria é mais que duvidar e questionar, que são coisas importantes mas incompletas, são apenas o inicio, o levantar daquele que quer buscar sabedoria.
Devemos duvidar e inquirir, mas não duvidar e inquirir apenas como eternos cépticos relativistas. Devemos duvidar com coragem e vontade de achar a Verdade, doa o que doer, seja o que for. Devemos procurar para achar e não apenas procurar, demandar, sem verdadeiramente desejar encontrar.
Sabedoria é o temor a Deus! Mas em que consiste o temor a Deus se não é medo de Deus?!

Vejamos em Abraão que é o pai da fé, o que é o temor a Deus, como Abraão temeu a Deus e no que consiste tal temor de Deus.

Diz-se que Abraão saiu de sua terra natal pela fé e peregrinou pela fé. Sabemos também que sua fé foi crescendo e que por vezes vacilou, tentando fazer as coisas na sua força e não crendo simplesmente na promessa do favor imerecido de Deus. É que quando é de graça, nós desconfiamos e nossa vaidade incomoda-se, simplesmente desconfiamos, porque nesta vida e universo físico e material, tudo parece ter um preço e tudo parece ter causa e efeito.

Abraão sonhava ter um filho de sua amada e tal sonho era promessa de Deus.
Mas humanamente, material e fisicamente falando, tal sonho era impossível, pois sua amada era estéril.

Então Abraão tentou ajudar Deus, tentou fazer sua parte, no fundo tendo alguma duvida de que Deus pudesse fazer algo completamente de borla, sem causa e efeito material, dar-lhe um filho sem óvulo.
Fez asneira e Deus relembrou e prometeu que lhe daria o filho de sua amada.
Abraão duvidou várias vezes que Deus o pudesse fazer e por isso tentava fazer da sua maneira.
Abraão é um herói da fé, mas teve de aprender sua fé. Sua fé cresceu processualmente.

Mais tarde, quando alem de não haver óvulo de Sara, também já não havia em Abraão espermatozóide, ou seja, quando ambos e não apenas Sara, eram irremediavelmente estéreis do ponto de vista físico, material, cientifico, então aí Deus fez sua obra. O filho de Abraão era inteiramente filho de sua fé, ainda que Deus usou seu adn e de Sara, seu filho Isaque não foi gerado pela performance e fertilidade de ambos; mas em vez disso Isaque foi gerado exclusivamente pela performance de Deus, vivificando o adn de ambos e tornando-os miraculosamente férteis.

Finalmente quando Sara engravida, o pai Abraão descansou e aprendeu que Deus faz e cumpre sua promessa pela sua graça, imerecidamente, sem créditos nossos, na nossa incapacidade.
Abraão teve de crer na graça que transcende todo o universo das causas e efeitos.
Abraão tornou-se amigo dAquele que é Criador do universo, mas que o transcende e traz sua transcendência até nós, pela sua graça, transcendendo todas as leis de causa e efeito.

Finalmente Abraão crera na promessa de Deus. Finalmente Abraão conhecera o Deus da graça transcendente.
Tudo o que ele teve de fazer foi descansar, mas não descansou enquanto havia nele força, energia, capacidade.

Finalmente Abraão crera no Evangelho, sim, Paulo afirma aos Gálatas que a Abraão foi primeiro pregado o Evangelho da graça de Deus. E foi. De graça, mediante a fé, foi-lhe dado seu sonho, do qual viria o Messias, a plenitude da transcendente, louca e radical graça de Deus.

Mas o processo de Abraão conhecer a Deus ainda não havia terminado. Faltava conhecer mais de Deus e tornar-se um homem sábio.

Quando seria isso?

Ora a sabedoria é o temor de Deus, de forma que Abraão tornou-se sábio quando temeu a Deus!

Quando é que Abraão temeu a Deus?

Ora, Abraão temeu a Deus quando mostrou a si mesmo, a todas as potestades e anjos e a seu filho, que era capaz de sacrificar seu filho amado e tão intensamente desejado, a pedido de Deus!

Vejamos a passagem a fim de vermos depois em que consiste este temor de Deus! E lembro, não é medo e afirmo que também não é barbárie ou estupidez!

E aconteceu depois destas coisas, que provou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
E disse: Toma agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que eu te direi.
Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera.
Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe.
E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós.
E tomou Abraão a lenha do holocausto, e pô-la sobre Isaque seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos.
Então falou Isaque a Abraão seu pai, e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui, meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?
E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos.
E chegaram ao lugar que Deus lhe dissera, e edificou Abraão ali um altar e pôs em ordem a lenha, e amarrou a Isaque seu filho, e deitou-o sobre o altar em cima da lenha.
E estendeu Abraão a sua mão, e tomou o cutelo para imolar o seu filho;
Mas o anjo do Senhor lhe bradou desde os céus, e disse: Abraão, Abraão! E ele disse: Eis-me aqui.
Então disse: Não estendas a tua mão sobre o moço, e não lhe faças nada; porquanto agora sei que temes a Deus, e não me negaste o teu filho, o teu único filho.
Então levantou Abraão os seus olhos e olhou; e eis um carneiro detrás dele, travado pelos seus chifres, num mato; e foi Abraão, e tomou o carneiro, e ofereceu-o em holocausto, em lugar de seu filho.
E chamou Abraão o nome daquele lugar: o Senhor proverá; donde se diz até ao dia de hoje: No monte do Senhor se proverá.

Génesis 22:1-14


Então, o anjo do Senhor diz que apesar da fé em crescendo e madura de Abraão, apenas se percebeu que Abraão temia a Deus quando estivera disposto a sacrificar seu filho?! Mas porque é que estava Abraão disposto a  sacrificar seu filho tão amado e desejado de tão bom-grado, temendo assim a Deus? No que consiste esse temor de Deus para que Abraão esteja tão radicalmente predisposto a obedecer a Deus?

A resposta está na epístola aos Hebreus, onde fala da essência da fé de Abraão no momento em que temeu a Deus a ponto de estar prestes a sacrificar-Lhe seu filho:

Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigénito.
Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar;
E daí também em figura ele o recobrou.

Hebreus 11:17-19


Então, na epístola toda inspirada ao Hebreus, aprendemos que Abraão estava disposto a temer a Deus sacrificando seu filho. Vemos também que estava disposto a tal porque CONSIDEROU que Deus era poderoso até para dos mortos o ressuscitar.

Sim, Abraão não foi leviano nem bárbaro, pois sabia, conhecia, entendia, raciocinava, que o Deus que era seu amigo e a quem por isso conhecia na intimidade, era capaz de ressuscitar seu filho. Ora a palavra para CONSIDEROU no grego da epístola aos hebreus, é a palavra LOGIZOMAI, que vem da palavra Logos, que quer dizer: entender, saber, conhecer, raciocinar, considerar, constatar, etc...

Então Abraão não teve medo, o seu temor era exactamente o oposto de medo, pois se tivesse medo é porque pensaria que seu filho morreria irremediavelmente e nesse sentido seria bárbaro, perverso e estúpido em matar seu filho amado.

Abraão sabia e conhecia a Deus na intimidade, partilhara com Ele seus sonhos, suas fraquezas, sua intimidade conjugal, tudo o que lhe era mais visceral na existência. Abraão tinha um relacionamento de amizade profundíssima com Deus, intensamente intimo de Deus.

Abraão sabia que seu amigo Deus era capaz de ressuscitar seu filho, não apenas em poder, mas em vontade, pois se Abraão julgasse que Deus tinha poder, mas não vontade amorosa de lhe devolver o filho, teria medo.

Abraão conhecia agora o poder do Amor de Deus.

Fruto de sua caminhada, de seu abatimento, de seu esvaziamento, sempre em relação intima com Deus, mediante as falhas e acertos, mediante a intimidade e alma totalmente partilhada com seu amigo Deus; Abraão sabia que seu Amigo era Amor, realizava seus sonhos, de graça, de forma imerecida.

O caminho da fé de Abraão foi feito de acertos e de muitos erros, na presença de um Perfeito que ele veio a descobrir que é Amor, e cheio de paciência.

Este é o momento mais glorioso de Abraão no sentido da manifestação heróica maior de sua fé: o sacrifício de seu filho Isaque.

Não duvidem, foi neste momento profundamente intimo na mente de Abraão, com Deus, que Abraão viu a glória de Jesus Cristo.

Sim, lembrem-se que Jesus afirmou que Abraão viu sua Glória.
No seu momento de maior fé e intimidade com Deus, quando precisou de radicalmente crer no Amor de Deus, depois de já o ter experimentado, quando já usufruía do presente e dádiva de Deus maior em sua vida, quando Abraão decide amar a Deus dando-lhe o bem maior que tinha: seu filho; sabendo que o recebera de Deus, e que na verdade não era seu bem mas sim um filho muitíssimo amado, nesse momento, Abraão experimentou e manifestou o amor que Deus tem por nós.

Sim, Abraão foi capaz de dar seu filho como prova de amor. Deus deu seu Filho como prova de seu Amor. O Filho, Jesus Cristo, deu sua vida como prova de amor maior e sublime.

Quando finalmente Abraão amou a Deus de forma semelhante á de como Deus nos ama, então Abraão viu a glória de Jesus, experimentou seu Amor e do Pai, vendo o dia em que Deus manifestaria tão grande amor preparado para ser revelado antes da fundação do mundo.

Sim, Abraão não amou a Deus primeiro, pois Deus já nos criou debaixo da égide do Amor que quer ter filhos e está disposto de antemão a se sacrificar por seus próprios filhos. O Cordeiro preparado antes da fundação do mundo.

Pela fé, Abraão experimentou o amor de Deus por nós, dar o seu melhor, o seu filho amado.

Jesus -  Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se.
Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos, e viste Abraão?
Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão existisse, Eu Sou.

João 8:56-58


Abraão sabia que o dom de amor ressuscita. Considerou que Deus ressuscitaria o dom de Amor maior.
Deus Pai deu o Filho, sabendo que o ressuscitaria.
O Filho deu a vida sabendo que ressuscitaria, afirmando que ninguém lhe tirava a vida, mas antes Ele voluntariamente a oferecia, tendo tal mandamento e missão do Pai, sabendo que a recuperaria.

Então Abraão viu a glória de Jesus Cristo naquele momento daquela experiência louca, em intimidade, soube e conheceu no intimo, que Deus proveria o Cordeiro de Verdade que não era Isaque. Abraão viu o Calvário. Abraão viu sobretudo o Amor eterno, viu a cruz, viu o Cordeiro imolado antes da fundação do mundo.

Abraão tornou-se sábio, pois temeu a Deus, ou seja, obedeceu a Deus de forma radical, conhecendo que amar a Deus é dar tudo, é dar nosso melhor, é sacrificar o que de melhor temos, ofertando-o a Ele, sabendo que é dom da graça, é algo que no fundo não é nosso, pois é algo que veio dEle, e por ser da graça, ainda que o queiramos sacrificar, Ele devolve-nos. Abraão aprendeu-conheceu a graça transcendente de Deus e deixou de apenas a receber e usufruir e passou a oferta-la também, sabendo que tal oferta sabe a sacrifício; ainda que é ilusão esse sentimento sacrificial, pois Deus devolve-nos o que Ele mesmo nos deu e nós apenas temos de sacrificar para aprender a manifestar que somos capazes de amar de verdade.

Abraão ia obedecer a Deus sacrificando seu filho, ou seja, Abraão temeu a Deus obedecendo, porque sabia que Deus é Amor e que merece nosso amor maior e que com Ele nada se perde, tudo se ganha, de graça, imerecidamente.

Abraão estava disposto a dar o seu melhor a Deus. Abraão estava capaz de amar loucamente como Deus, para alem da ética do bem e do mal, mediante o absurdo da transcendência da graça.

Abraão temeu a Deus porque ia dar seu melhor. Abraão temeu a Deus porque estava disposto a amar radicalmente.

Tal amor radical não é insane nem louco, pois ele sabia que seu filho viveria.

Então temer a Deus é conhecer o amor eterno vivificante de Deus e ser capaz de o manifestar.

Sendo assim, SABEDORIA,  é conhecer o Amor de Deus e só se o conhece contemplando o Amor de Deus na cruz, a loucura de amor de Deus por nós, a dor do sacrificar por amor, mas não sacrificar em vão, antes é sacrificar em dor, mas sabendo que o Amor a todos ressuscitará para o relacionamento do Amor eterno.
Por isso é um sacrificar sem medo, é um viver sem medo, pois a vida de todos demanda sacrifício, todos morreremos e todos vivemos sendo fisicamente sustentados por sacrifícios inúmeros de inúmeras mortes.
Existir é sacrificar e finalmente todos morreremos e seremos sacrifício para nutrir outro seres, mesmo que não queiramos.
Todos vivem usufruindo fisicamente de sacrifícios de seres vivos que morrem e nutrem os que lhes sucedem. Todos morremos, todos seremos sacrifício.
Afinal a própria vida é feita de sacrifícios involuntários, inevitáveis e imprescindíveis. A questão é que o Homem quer viver, mas não quer sacrificar e não quer sacrificar porque não quer morrer. O Homem tem medo da morte e do sacrifício, mas acaba geralmente por morrer involuntariamente cheio de medo. O Homem tem medo porque não conhece a ressurreição do amor!
Só o Homem com perfeito conhecimento do Amor-Deus lança fora todo medo.
Há muita gente que fala de amor mas tem medo da revelação da cruz onde está o verdadeiro amor que lança fora todo medo.
Lancemos fora o medo!
A vida, a história, é o tempo-espaço onde podemos conhecer tal amor, tal sabedoria, tal transcendência.
Temer a Deus é ser sábio e ser sábio é conhecer que Deus é amor e que nEle devemos e podemos amar.

J.P. Maia, a 23 de Junho de 2014, ainda no processo de aprender a amar como Deus, ainda no processo de esvaziar, ainda no processo de conhecer a graça, ainda no processo de subir ao monte onde o Senhor proverá e temê-lo no mais profundo das entranhas...

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Uma questão de iluminação...


A religião jamais iluminará, o que ilumina é o Espírito de Jesus.
Religião institucional e gnosticismo, são 2 extremos que não iluminam.

O que ilumina é o Espírito Santo.

Ora nem devemos crer nos pseudo-sumo-sacerdotes do legalismo cristão, nem nos gurus de novas revelações, isto se quisermos Verdade e sua saúde...

Ficamos então com o quê?

Ora ficamos com Cristo, em seu Espírito, que fala a nosso intimo através da Palavra nas Escrituras iluminadas, assim como fala directo ao nosso coração-mente, mas jamais sua fala a nós directamente é antagónica ao que diz através das Escrituras que inspirou. Ele é coerente.

Ora a igreja primitiva, a que vivia da Palavra do Cristo, não vivia religião nem gnosticismo - o qual é apenas mais uma religião rasteira da terra. O gnóstico conta apenas com seu espírito, e isso já não é mau, pois se o ouvir correctamente, conhecerá a si mesmo relativamente, uma vez que o espírito do homem conhece as coisas do homem; podendo assim discernir psiquismo e doenças da psique como faz a psicologia. Mas o pior é quando tenta por si mesmo chegar ao divino, imaginado o divino e concebendo assim ídolos-imagens imaginadas de deus...


Só o Espírito de Deus pode revelar Deus.

Cristo revelou Deus sendo ele mesmo Deus visível, como Homem perfeito, e o que foi-fez-falou, seus discípulos ouviram, viram e tocaram. Os discípulos depois de ouvirem Jesus dizer que lhes deixaria seu Espírito após ir para o Pai, experimentaram a acção do Espírito em suas mentes, a qual foi simplesmente iluminar o que Cristo lhes dissera e o que vivera diante deles, assim como que a esse respeito estava profetizado nas Escrituras, que são terrivelmente centradas em Cristo, cruciformemente...

Eles entenderam plenamente o divino no Espírito,  escrevendo assim as Palavras que Cristo seu Mestre lhes ensinara e vivera em comunhão com eles, sendo que tais palavras e vivência de Cristo marcou-os profundamente, tendo apenas de ser mais tarde lembradas e iluminadas pelo Espírito; cooperando Este no recordar a eles de alguém que apenas acabara de partir e vivera diante deles como Deus-Homem.

O Espírito apenas os ajudou a entender isso. Eles escreveram essas palavras, são as Novas Escrituras, ou Novo Testamento, só entendidas com Espírito.

Ora estas Escrituras mostram que sem Ele nada podemos fazer, mostram seu amor louco e radical por nós, o qual é a prova do nosso valor incomensurável em seu coração e mente, que são a mente de Deus.

 As Escrituras mostram que nosso valor não é aferido pela mente de um homem ou pela nossa performance, mas antes revelam que nosso valor é aferido pelo radical e louco amor profundo e perfeito do Deus, que quis sonhar-nos antes da fundação do mundo e morrer-ressuscitar para nos dar de seu Espírito e sublimar-nos á sua imagem.

Ele ama-nos radical e continuamente.
É a graça do Evangelho, o qual é a Encarnação de Deus para nossa revelação e sublimação, através de sua humilhação.


A religião não proclama isso.

A religião lê as Escrituras sem Espírito.

Ora nós somos fracos mesmo, somos vulneráveis, e até Cristo Jesus que sendo Deus, mas era também homem, teve seu momento de vulnerabilidade no Getsemâni, pedindo e rogando que seus discípulos o confortassem e orassem por Ele. Mas recompôs-se.

Muito mais vulneráveis e fracos somos nós e nada podemos sem Ele.

Existem 2 extremos:

    1 - Dizer que somos fracos e que precisamos de religião e mediação religiosa.

    2 - O outro extremo é afirmar que não somos fracos e sozinhos chegamos ao Pai e que nosso espírito tem os recursos necessários para a felicidade e acessar o divino.

A Verdade é sempre o caminho do meio: somos fracos, precisamos de ajuda, e a única que nos pode efectiva e eficientemente nos ajudar a chegar ao Pai é o Espírito e jamais a religião.

Ora Pedro, João, Lucas, Mateus, Marcos, Tiago, Judas, eram gente que conheceu e viu a Jesus e tudo o que falaram-escreveram, do que aprenderam de Cristo no Espírito, é graça, e portanto é também anti-religião.


Todas as religiões da terra, ficaram-se por estágios da Lei, apenas com ética... A Israel é revelado nas escrituras Antigas um DeusAmor que deseja uma comunidade que ame a Deus e ao próximo, com pedagogia infantil, para quem estava a começar pelo estágio da Lei e sua ética... 

A partir daí a revelação das Antigas Escrituras vai crescendo, os profetas vão profetizando de um Cristo-Cordeiro como encarnação do Amor louco de Deus e a vinda do Seu Espírito, para que a humanidade possa finalmente viver a ética da Lei que pede e demanda Amor... 

Ora é sobre isto que falam as Escrituras e revelam, sendo que houve povos que perceberam também que Deus é amor, poucos, vivendo para tentar criar uma comunidade de amor em sintonia com o Espírito, o jardim Terra e todos seres nela contida...

Ora estes povos, poucos, que perceberam-vislumbraram o divino, percebem-nos de forma meio velada e não explicita, assim como Israel, que vislumbrava Deus atrás de um véu...

O privilégio de Israel, foi que progressivamente, as gerações de profetas que se sucediam, iam retirando o véu e revelando que Deus viria e forma absoluta e definitiva através de seu Cristo...

E assim aconteceu.

Cristo não é as folhas do Novo Testamento da Bíblia, mas é e foi, fez, falou, o que está lá escrito. Ora tal personagem só poderia mesmo dividir a história. A forma como viveu e o que ensinou, não vem em mais escrito nenhum, pois os livros gnósticos, falam apenas de misticismos, namoros, demonstrações vaidosas de poder, pseudo-sofia que nada mais é que sofismos, num claro ecletismo de elementos judaizantes, com filosofia grega, paganismo romano e algum hinduísmo vindo as partes mais orientais do antigo império macedónio de Alexandre que tocou aquelas paragens...

No demais, após a compilação das Escrituras, limitam-se alguns gurus apenas a mimetismos do que lá está escrito, misturados sincreticamente a devaneios de outras religiões...

Tudo a quanto temos aversão na religião, desde ao legalismo-farisaísmo, ao sacerdotalismo elitista templário, a chauvinismos, mercantilismo da fé, etc, tudo isso é denunciado explicitamente nas Escrituras, pelo relato verdadeiro do que Cristo combateu, sucedido por Estêvão e Paulo entre outros. 


Aliás, eles foram perseguidos pela religião instituída de seus dias. A eles discípulos que escreveram os evangelhos, Jesus revelou-se pelo seu Espírito. Neles a a pensar-escrever no Espírito após estarem-viverem com o Cristo confio. Quando sou fraco então sou forte, pois o poder de Deus se aperfeiçoa na minha fraqueza. A sua graça me basta. E esta graça estilhaçou a religião.

O Espírito de Deus conhece as coisas de Deus e revelou-nas, como disse Paulo, e os discípulos no mesmo Espírito as escreveram, pois hoje vemos nas Escrituras o retrato de Cristo Jesus. A pessoa, a história, o carácter, a missão, as falas, o jeito, a atitude, tudo acerca de Jesus que podemos e devemos conhecer, está exclusivamente nas Escrituras.

Não está no Corão que diz que ele é apenas um profeta.

Não está no gnosticismo que o apresenta como um Mestre superior.

Não está em nenhum outro escrito.

Também não está nos devaneios de homens, como a filha do falecido Solnado, que diz que vai ao céu e fala com Jesus e conta-nos de tais conversas e revelações.

Está nas Escrituras o retrato de Cristo Jesus e lidas com o Espírito, o mesmo que estava sobre Jesus, o mesmo que foi derramado sobre os que foram discípulos de Jesus, o mesmo que iluminou os discípulos de Jesus e os levou a registar os ensinos de seu Mestre; esse mesmo Espírito nos ilumina a nós hoje a pessoa do Cristo e sua mensagem-obra histórica e registada.

E tal revelação, faz com que suas Palavras, como Ele mesmo disse, se tornem em nós espírito e vida. E é óbvio, é óbvio, a oposição a Jesus e seus discípulos por parte da religião ética monoteísta instituída de seu tempo, porque eles anunciavam explicita e exclusivamente a graça do amor do Evangelho de Deus.

Ora as Escrituras só falam disso exclusivamente. Mas os neo-religiosos lideres éticos monoteístas manipulam as Escrituras. A solução não é desprezá-las e ouvir a nós mesmos. A solução é expor o erro dos religiosos, tal qual fez Estêvão, com as Escrituras, no Espírito; e como fez e disse Jesus: erram não conhecendo as Escrituras os lideres religiosos. Então há que lê-las no Espírito e assimila-las com fé. Elas foram escritas antes do catolicismo, antes do ortodoxismo, antes do protestantismo, mas também antes do gnosticismo e falam sempre da graça de Deus.

Illuminati?! - não obrigado!

Apenas iluminado pelo Espírito.

E se vier alguém dizer que os discípulos estavam errados e não falaram-escreveram de Jesus no Espírito, direi que é ridículo, pois percebo o implícito de tal gnosticismo em propor que os discípulos de Jesus não sabiam, mas eles hoje é que sabem. Deus nos ilumine e seja forte em nós, pois sem Ele ( não é sem a religião, é sem Ele), sem Ele nada podemos fazer, nem mesmo com gurus, pois gurus não são Ele.

Ele encarnou, fez discípulos, deu-lhes seu Espírito e eles escreveram o que Ele revelou, e dá-nos Hoje seu Espírito para entendermos o que Ele revelou-viveu e ficou registado por seus discípulos.

Não, não são os gurus de Hoje que conheceram o Cristo.

O Cristo, em primeira mão conheceram-no seus discípulos e nós Hoje com o Espírito que foi derramado neles e tambèm em nós Hoje. E não é preciso muita inteligência para entender o Escrito, se formos educados no básico que é sabermos ouvir o outro, seja falado, seja escrito, ouvindo a conversa toda.

O Espírito na Escritura fala explicita e exclusivamente da graça de Deus. Ora é preciso Espírito sobretudo, para aceitar isso, para aceitar o queimar da vaidade de que Ele é que se revela e sem Ele nada podemos fazer... Tão simples assim...


J.P. Maia - nos idos de Junho de 2014 á luz daquEle que tem os sete candeeiros na mão, aquEle que é luz do mundo, o Cristo, em cuja luz e Espirito podemos ser luz...

sábado, 14 de junho de 2014

Hierarquia na Igreja - Parte 4 de 5 Hierarquia Vs Comunidade



1º Vídeo da Série aqui 
2º Vídeo da Série aqui
3º Vídeo da Série aqui



Iremos publicar semanalmente os restantes vídeos desta série, com as respectivas legendas em Português.

Se as legendas não aparecerem, executem os passos abaixo.



sábado, 7 de junho de 2014

Hierarquia na Igreja - Parte 3 de 5: Compensando as Limitações da Liderança

1º Vídeo da Série aqui 
2º Vídeo da Série aqui

 

Iremos publicar semanalmente os restantes vídeos desta série, com as respectivas legendas em Português.

Se as legendas não aparecerem, executem os passos abaixo.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

A Nova Aliança como Cartas Vivas-Escritas



Será que Deus gosta de escrever através do ser Humano? O que são as cartas vivas e escritas de que fala Paulo? Ora, cartas escritas e vivas é o cumprimento das Escrituras, conforme a profecia sobre a Nova Aliança do profeta Jeremias, acerca de que a Lei que manda amar, não mais estará escrita em pedra, mas sim nos corações humanos, pelo Espírito de Deus.

Ora um Kan-guru, jamais discernirá disto enquanto se ouvir a si e não ao Espírito.

Paulo discerniu no Espírito, que a Lei manda amar ao próximo e a Deus, mas que sem o mesmo Espírito, o homem não é capaz de obedecer ao Amor da Lei; pelo que então os mandamentos tornam-se morte, ou seja matam, pois revelam o que não conseguimos viver, depois de terem revelado que apenas amar é viver.

Ora se viver é amar conforme a Lei revela e manda, então eu conheço pela Lei que não consigo amar. Israel em geral faliu, não conseguiu obedecer aos mandamentos de amor da Lei, que é boa, santa, justa e pura.

Mas Jeremias viu no Espírito de Cristo, que o Cristo viria firmar uma Nova e eterna Aliança, com expiação total e plena das transgressões do amor que a Letra ordena; assim como seria doado a todos os da fé, de graça, o Espírito de Deus, o qual capacitaria o ser humano a amar.

Pelo Espírito, os mandamentos de amor da Lei, seriam escritos na própria consciência e intimo do homem, assim como o homem seria capacitado pelo mesmo Espírito a viver o amor da Lei.

Sem o Espírito temos apenas a Lei, que revela que a vida está em amar, mas que por isso mesmo, se não amarmos morremos. Com e no Espírito: a letra, os mandamentos, as ideias, a mensagem de amor da Lei - deixam de ser algo de exógeno e escrito apenas em pergaminhos e nas tábuas de Moisés, para passar a ser as ideias de Deus escritas em linguagem humana, gravadas no coração do homem, em seu interior; onde o Espírito capacita o homem a amar a si, o próximo e a Deus, conforme manda a Lei.

E tudo isto não mais em pedagogia de medo e infantil, mas na pedagogia plena e madura do Espírito, com realidades endógenas, no intimo, com a Letra escrita nos corações e sobretudo entendida e vivida. Ora aos corintios, Paulo lembra desta realidade, de que hoje é em nós que Deus escreve a mesma Lei de sempre, a tal que Jesus disse que nem um jota nem til seria omitido, a tal que Jesus afirmou vir cumprir e não abolir.

O que Jesus aboliu foi a Antiga e obsoleta Aliança, a qual revelou provisória e antecipadamente, a vida que jamais conseguiremos viver sem o Espírito. Hoje temos a verdade da letra que manda amar e Espírito que a escreve em nós e nos capacita a amar. Ora é nas Escrituras, lidas no Espírito, que aprendemos que a Lei manda amar, assim como é nas Escrituras que aprendemos com Israel, que sem o Espírito não conseguimos obedecer á letra que manda amar.
Com as Escrituras aprendemos que na Lei é revelada a vida e o projecto de Deus: uma comunidade que ama. Pelas mesma Escrituras aprendemos no Espírito, que Israel sem Espírito não conseguia amar, ou seja, não vivia a vida da Lei e por isso estava em morte.

Pelas Escrituras com o Espírito aprendemos que só a letra, sem o Espírito, traz morte, pois apresenta-nos a vida, mas não a conseguindo viver, andamos em morte. Pela mesma Escritura, vemos que Jeremias no Espírito profetizou que a Letra seria escrita em nosso intimo. Pela mesma Escritura vemos que Jesus a cumpriu por nós e nos deu seu Espírito que a escreve em nós. Sim, no Espírito, a Escritura é escrita em nós. O Espírito da Nova Aliança escreve em nossos corações e faz de nós cartas vivas.

Mas que escreve o Espírito em nosso coração? Será a mensagem de um Kan-Guru? Será um ecletismo de várias espiritualidades apenas psíquicas e da terra? Não não! O que o Espírito escreve em nossos corações é a mesma Letra que manda amar que estava escrita nas tábuas de Moisés.

Graças a Deus que nos deu de seu Espírito e Verdade. Não é só Espírito. É Espírito e verdade. As Escrituras são Verdade, quando lidas da única forma correcta: lidas em Cristo - o qual é o cumprimento das Escrituras cristocêntricas e cruciformes.

O Reino da nova Aliança não é o Espírito mais qualquer vento de doutrina e gnose. Nem é o Espírito num guru. Não não!

A Verdade do Reino é o Espírito a escrever as Escrituras em nosso ser. Ora para isso Ele ajuda-nos a entender em Cristo o que Ele mesmo inspirou. Depois escreve em nossa consciência a Letra que sempre mandou amar. É a mesma Letra, mas nova a pedagogia. Agora os pergaminhos são o nosso ser, onde a Lei que manda amar firmados no Cordeiro que tira o pecado do mundo, é entendida em maturidade e vivida.

Graças,Pai por inspirares tua Letra e a teres cumprido em Cristo e agora em nós, pelo seu Espírito, de glória em glória.


Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá.
Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.

Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.

Jeremias 31:31-33

Vós sois a nossa carta, escrita em nossos corações, conhecida e lida por todos os homens.
Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração.
E é por Cristo que temos tal confiança em Deus;
Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas a nossa capacidade vem de Deus,
O qual nos fez também capazes de ser ministros de um novo testamento, não da letra, mas do espírito; porque a letra mata e o espírito vivifica.
E, se o ministério da morte, gravado com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual era transitória,
Como não será de maior glória o ministério do Espírito?
Porque, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais excederá em glória o ministério da justiça.
Porque também o que foi glorificado nesta parte não foi glorificado, por causa desta excelente glória.
Porque, se o que era transitório foi para glória, muito mais é em glória o que permanece.
Tendo, pois, tal esperança, usamos de muita ousadia no falar.
E não somos como Moisés, que punha um véu sobre a sua face, para que os filhos de Israel não olhassem firmemente para o fim daquilo que era transitório.
Mas os seus sentidos foram endurecidos; porque até hoje o mesmo véu está por levantar na lição do velho testamento, o qual foi por Cristo abolido;
E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles.
Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará.
Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.
Mas todos nós, com rosto descoberto, reflectindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor.

2 Coríntios 3:2-18


J.P. Maia, carta escrita em work in progress de Deus, em 6 de Junho de 2014, como pergaminho de carne, sangue, pelo, pêlo e osso, da Letra que manda amar, finalmente encarnada no ser e não mais gravada em pedras do Sinai...

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Quem leva a Bíblia a sério obriga-se a levar também a sério a justiça social


Afastem de mim o som das suas canções e a música das suas liras. Em vez disso, corra a rectidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene! (Amós, 5.24, NVI)

As Escrituras Sagradas não nos deixam à vontade no que diz respeito à justiça social. Ao contrário, elas criam incómodos problemas de consciência, elas nos azucrinam, elas nos envergonham, elas nos condenam. De todos os nossos pecados e crimes, a falta de consciência social é o mais colectivo, o menos reconhecido e o causador das maiores tragédias, que vão desde a fome até as guerras. Em nenhum momento, o evangelho nos dispensa da obrigação de elaborar as leis da justiça social no papel e no modo de viver. O chamado à justiça social está no Decálogo, nas leis secundárias, nos Provérbios, nos profetas, no exemplo de Jesus, no segundo grande mandamento, na instituição do diaconato primitivo e na Epístola de Tiago, o servo do Senhor que não tinha papas na língua.

No Decálogo
Enquanto os quatro primeiros mandamentos tratam do nosso relacionamento com Deus, os seis restantes dizem respeito ao nosso relacionamento com os outros. O quinto mandamento diz que não devemos cometer injustiça alguma contra aqueles que nos trouxeram à vida. O sexto mandamento nos proíbe de tirar a vida de quem quer que seja. O sétimo mandamento nos proíbe de adulterar. O oitavo mandamento nos proíbe de diminuir o património alheio para aumentar o património próprio. O nono mandamento nos proíbe de prejudicar alguém por meio da mentira, do falso testemunho, da intriga, da calúnia. E o décimo mandamento nos proíbe de dar asas ao desejo incontido e imoral de possuir aquilo que pertence ao próximo. Para tornar esse mandamento mais preciso, poderíamos lê-lo assim: Não cobiçarás a propriedade alheia, o emprego alheio, o trono alheio, os mananciais alheios, as florestas alheias, o petróleo alheio, o mercado alheio, a glória alheia, a mão-de-obra alheia, o poder alheio, o sucesso alheio, a mulher alheia, o marido alheio, a vaga alheia e assim por diante (Êx 20.1-17; Dt 5. 1-21).

Nas leis secundárias
Se qualquer condomínio, qualquer sociedade, qualquer etnia se colocar debaixo da lei de Deus, todo o grupo viverá num paraíso, mesmo terrestre. As leis de Deus protegem a todos. São leis cuidadosas, minuciosas e simpáticas. Entre elas é possível mencionar:

“Se um homem tiver se casado recentemente, não será enviado à guerra, nem assumirá nenhum compromisso público. Durante um ano estará livre para ficar em casa e fazer feliz a mulher com quem se casou” (Dt 24. 5, NVI).

“Não se aproveitem do pobre e necessitado, seja ele um irmão israelita ou um estrangeiro que viva numa das suas cidades. Paguem-lhe o seu salário diariamente, antes do pôr-do-sol, pois ele é necessitado e depende disso” (Dt 24.14,15, NVI).

“Não amaldiçoem o surdo nem ponham pedra de tropeço à frente do cego” (Lv 19.14, NVI).

“Levantem-se na presença dos idosos, honrem os anciãos” (Lv 19.32, NVI).

“Quando um estrangeiro viver na terra de vocês, não o maltratem. O estrangeiro residente que viver com vocês deverá ser tratado como o natural da terra. Amem-no como a si mesmos, pois vocês foram estrangeiros no Egito” (Lv 19.33,34, NVI).

“Não usem medidas desonestas quando medirem comprimento, peso ou quantidade. Usem balança e pesos honestos, tanto para cereais quanto para líquidos” (Lv 19.35,36).

De todas as leis secundárias (em relação ao Decálogo), a mais bonita de todas é a lei da rebusca, que tem muito a ver com o eterno conflito entre os proprietários de terra e os sem-terra. Em benefício dos deserdados da sorte, o proprietário rural era proibido de praticar a sovinice na época da colheita. Ele não deveria colher “até as extremidades da sua lavoura nem ajuntar as espigas caídas da sua colheita”, não deveria depenar por completo as videiras e as oliveiras, não deveria percorrer outra vez a propriedade toda à cata de algum fruto que porventura não tivesse sido colhido nem apanhar algum produto que tivesse caído ao chão. Embora a propriedade fosse própria, os sem-emprego, os sem-terra, os sem-arrimo, isto é, os estrangeiros, as viúvas e os órfãos, tinham todo o direito de entrar em seus terrenos e fazer a segunda colheita (Lv 19.9,10; Dt 24.19-22)!

Nos Provérbios
Embora o rei Salomão tenha feito uso do trabalho forçado na época da construção do templo e dos palácios de Jerusalém (1 Rs 5.13-18; 9.10-22; 12.4), o livro de Provérbios, a ele atribuído, prega insistentemente a justiça social, como se pode ver nos seguintes exemplos:

“Não diga ao seu próximo: ‘Volte amanhã, e eu lhe darei algo’, se pode ajudá-lo hoje” (3.28, NVI).

“Os tesouros de origem desonesta não servem para nada” (10.2, NVI).

“O Senhor repudia balanças desonestas, mas os pesos exatos lhe dão prazer” (11.1, NVI).

“Os pobres são evitados até por seus vizinhos, mas os amigos dos ricos são muitos. Quem despreza o próximo comete pecado, mas como é feliz quem trata com bondade os necessitados!” (14.20,21, NVI.)

“Quem zomba dos pobres mostra desprezo pelo Criador deles” (17.5, NVI).

“O pobre é desprezado por todos os seus parentes, quanto mais por seus amigos! Embora os procure, para pedir-lhes ajuda, não os encontra em lugar nenhum” (19.7, NVI).

“Quem fecha os ouvidos ao clamor dos pobres também clamará e não terá resposta” (21.13, NVI).

“Não esgote suas forças tentando ficar rico; tenha bom senso! As riquezas desaparecem assim que você as contempla; elas criam asas e voam como águias pelo céu” (23.4,5, NVI).

“O pobre que se torna poderoso e oprime os pobres é como a tempestade súbita que destrói toda a plantação” (28.3, NVI).

Nos profetas
A pregação contrária à injustiça social não tem tido a mesma importância nem a mesma frequência que a pregação contrária ao mundanismo, ao adultério, ao aborto, à heterodoxia, às celeumas internas. Até bem pouco tempo atrás, taxava-se de comunista quem levantava a voz a favor dos miseráveis. Essa grave omissão não faz parte do currículo dos profetas do Antigo Testamento. Basta trazer à memória certas denúncias válidas até hoje, embora tenham sido pronunciadas mais de 600 anos antes de Cristo.

Do profeta Isaías: “Ai de vocês que adquirem casas e mais casas, propriedades e mais propriedades, até não haver mais lugar para ninguém e vocês se tornarem os senhores absolutos da terra!” (Is 5.8, NVI.)

Do profeta Jeremias: “Ai daquele que constrói o seu palácio por meios corruptos, seus aposentos, pela injustiça, fazendo os seus compatriotas trabalharem por nada, sem pagar-lhes o devido salário” (Jr 22.13, NVI).

Do profeta Ezequiel: “Você empresta a juros, visando lucro, e obtém ganhos injustos, extorquindo o próximo... Mas você me verá batendo as minhas mãos uma na outra contra os ganhos injustos que você obteve e contra o sangue que você derramou” (Ez 22.12,13, NVI).

Do profeta Amós: “Vocês estão transformando o direito em amargura e atirando a justiça ao chão... impedem que se faça justiça aos pobres nos tribunais” (Am 5.7, 12).

Do profeta Miquéias: “Ai daqueles que... cobiçam terrenos e se apoderam deles; cobiçam casas e as tomam... Vocês deveriam conhecer a justiça! Mas... arrancam a pele do meu povo e a carne dos seus ossos... Os ricos que vivem entre vocês são violentos” (Mq 2.1,2; 3.1,2; 6.12, NVI).

Do profeta Naum: “Ai da cidade sanguinária, repleta de fraudes e cheia de roubos, sempre fazendo as suas vítimas!” (Na 3.1, NVI).

Do profeta Habacuque: “A destruição e a violência estão diante de mim; há luta e conflito por todo lado. Por isso a lei se enfraquece e a justiça nunca prevalece. Os ímpios prejudicam os justos, e assim a justiça é pervertida... Ai daquele que obtém lucros injustos para a sua casa, para pôr seu ninho no alto e escapar das garras do mal!” (Hc 1.3,4; 2.9, NVI.)

No exemplo de Jesus
O exemplo mais perfeito e mais impressionante de solidariedade com o pobre e miserável é o exemplo de Jesus Cristo. Ninguém é tão alto, majestoso e glorioso quanto Ele, e ninguém desceu de seu pedestal tanto quanto o Senhor. A pessoa mais empolgada com o exemplo de Jesus certamente é o apóstolo Paulo. Aos coríntios, o ex-fariseu escreve: “Vocês conhecem a graça de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês, para que por meio de sua pobreza vocês se tornassem ricos” (2 Co 8.9, NVI). E aos filipenses, o apóstolo propõe a imitação do exemplo de Jesus: “Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus, que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se; mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até a morte, e morte de cruz!” (Fp 2.5-8, NVI.)

A espantosa solidariedade de Jesus com os socialmente marginalizados, com os humildes e com os famintos, e não com os soberbos, com os poderosos e com os ricos (ver o Cântico de Maria, em Lucas 1.46-55), começou com a eleição de Maria para ser a mãe do Salvador e com nascimento de Jesus numa humilde estrebaria — porque não havia lugar para uma mulher grávida de 9 meses na hospedaria — e em Belém-Efrata, “uma das menores cidades de Judá” (Mq 5.2, NTLH).

À semelhança de João Batista, que não se vestia de roupas finas nem transitava pelos palácios (Lc 7.25), Jesus vivia entre pecadores e pescadores, entre famintos de pães e peixes e famintos do Pão da vida, entre pessoas tomadas de alguma enfermidade ou deficiência física e pessoas tomadas ferozmente de espíritos imundos, entre publicanos e meretrizes. Ele não tinha “onde repousar a cabeça” (Mt 8.20, NVI) e recebia apoio material de algumas mulheres da Galileia, como Maria Madalena, Joana (cujo marido era do alto escalão do governo de Herodes) e Susana (Lc 8.1-3).

De tal modo Jesus desceu ao nível do ser humano que Ele permitiu que uma “mulher pecadora”, conhecida de todos, entrasse na casa de um “homem rigoroso” (Simão, o fariseu), e lhe mostrasse publicamente toda a sua gratidão pelo perdão anteriormente obtido. Dominada por forte emoção, a mulher derramou suas lágrimas sobre os pés de Jesus, cujas pernas estavam estendidas para trás no assoalho, enquanto Ele comia da mesa de Simão, para depois enxugá-los com os próprios cabelos soltos (Lc 7.36-50).

O exemplo de Jesus não deve ser esquecido, jogado fora, desperdiçado. Ele é o nosso padrão de comportamento: “Eu lhes dei o exemplo, para que vocês façam como lhes fiz” (Jo 13.15, NVI).

No segundo grande mandamento
Um dos mestres da lei de Moisés perguntou a Jesus qual de todos os mandamentos era o mais importante. De pronto, o Senhor respondeu mais do que havia sido solicitado. Ele mencionou o mais importante (amar a Deus com força total) e o segundo mais importante: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mc 12.28-34, NVI).

Ora, esse “segundo mais importante mandamento” fecha definitivamente o cerco contra qualquer omissão e qualquer transgressão na área da justiça social. Ele nos obriga a amar o próximo como amamos a nós mesmos. Como o amor com que nos amamos é enorme, ambicioso e constante, então, não vamos tirar vantagem pessoal de ninguém, mas construir nossa sobrevivência e nosso património juntos!

Na instituição do diaconato primitivo

No tempo dos apóstolos, a igreja era constituída de judeus e gentios ou, melhor, de judeus de fala hebraica, que viviam na Palestina, e de judeus de fala grega, que viviam em países fora da Palestina. No princípio, as necessidades de ambos os grupos eram plenamente supridas pela igreja: “Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham” (At 4.32-35, NVI).

Com o grande crescimento numérico da igreja, o velho problema da discriminação arrebentou: as viúvas dos judeus de fala grega “estavam sendo esquecidas na distribuição diária de alimento” (At 6.1, NVI). Em vez de serem caladas e repreendidas por levantarem suas vozes contra essa desesperadora e injusta situação, as viúvas lesadas obtiveram imediata atenção dos apóstolos. Para não haver acumulo de trabalho, para não prejudicar nem a pregação da Palavra nem os necessitados, para preservar a unidade até então existente e levada a sério, os apóstolos promoveram a eleição de “sete homens de bom testemunho, cheios do Espírito e de sabedoria” para cuidar do aspecto diaconal da igreja. E todos, os queixosos e os não-queixosos, as viúvas de língua hebraica e as viúvas de língua grega, ficaram satisfeitos (At 6.1-7). Graças à rapidez e ao acerto dessa providência, a primeira tentação de divisão da igreja foi vencida.

Na Epístola de Tiago
Dirigida “às doze tribos dispersas entre as nações” (Tg 1.1, NVI), a Epístola que leva o nome de Tiago muito provavelmente foi escrita pelo irmão do Senhor, a quem Jesus apareceu depois de ressuscitado. Deve ser o mesmo que é chamado de uma das colunas da igreja e o mesmo que presidiu o primeiro concílio cristão em Jerusalém (At 15.13; 1 Co 15.7; Gl 1.19; 2.9). Mais do qualquer outro escritor do Novo Testamento, Tiago é extremamente severo quando trata da discriminação social e opressão econômica, como se pode ver nos textos a seguir:

“Meus irmãos, como crentes em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, não façam diferença entre as pessoas, tratando-as com parcialidade. Suponham que na reunião de vocês entre um homem com anel de ouro e roupas finas, e também entre um pobre com roupas velhas e sujas. Se vocês derem atenção especial ao homem que está vestido com roupas finas e disserem: ‘Aqui está um lugar apropriado para o senhor’, mas disserem ao pobre: ‘Você, fique em pé ali’, ou ‘Sente-se no chão, junto ao estrado onde ponho os meus pés’, não estarão fazendo discriminação, fazendo julgamentos com critérios errados?” (Tg 2.1-4, NVI.)

“Vocês têm desprezado o pobre. Não são os ricos que oprimem vocês? Não são eles os que os arrastam para os tribunais?” (Tg 2.6, NVI.)

“Se um irmão ou irmã estiver necessitando de roupas e do alimento de cada dia e um de vocês lhe disser: ‘Vá em paz, aqueça-se e alimente-se até satisfazer’, sem porém lhes dar nada, de que adianta isso? Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta” (Tg 2.15-17, NVI).

“Ouçam agora vocês, ricos! Chorem e lamentem-se, tendo em vista a desgraça que lhes sobrevirá... Vejam, o salário dos trabalhadores que ceifaram os seus campos, e que vocês retiveram com fraude, está clamando contra vocês. O lamento dos ceifeiros chegou aos ouvidos do Senhor dos Exércitos... Vocês têm condenado e matado o justo, sem que ele ofereça resistência (Tg 5.1-6).

Segundo historiadores da época (Hegésipo, Josefo e Eusébio), Tiago foi martirizado no ano 62 da era cristã, tendo sido atirado do pináculo do templo.

Precisamos nos convencer de que a justiça social é um compromisso inerente ao cristão. Tanto Isaías quanto Amós mostram que a rectidão e a justiça são mais importantes que as cerimónias religiosas. Em vez de ofertas de holocaustos, e muitos outros actos litúrgicos, o Senhor ordena: “Busquem a justiça, acabem com a opressão” (Is 1.17) ou “corra a rectidão como um rio, a justiça como um ribeiro perene!” (Am 5.24.)


(via que foi buscar aqui)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

DEUS É LIVRE, SABIA?

A tentativa humana de capturar Deus acontece desde sempre pelas mais diversas maneiras. Presunçosamente constroem conceitos sobre Deus, encaixotando-O em definições humanas. Dizem o quê e a quem Deus deve abençoar, declaram e ordenam, como se isso fosse possível.

Deus? Inexplicavelmente Deus É, maravilhosamente É, como Espírito Santo que sopra onde quer, em amor gracioso e cuidadoso para com todos os homens, o Deus sem nome, ao qual todo ser humano pode invocar. O Deus que nunca existiu porque nunca foi criado, para quem o tempo flui em todas as direcções, o magnífico É eterno. Não existe flexão verbal para Deus, Ele nunca foi, nunca será, Ele É eternamente.

Doutra feita, grupos, religiões, nações, declaram que Deus é deles e está ao seu serviço, e sob a proteção desse Deus eles estão contra os demais “pecadores”, como se pecadores todos nós não fossemos - que estupidez, diríamos! - Porém guerras, assassinatos, perseguições, genocídios foram e continuam a ser cometidos sob esse pretexto. Pessoas são psicologicamente escravizadas por ameaças de um deus de trocas e contabilidades, mais perverso, maligno e irascível do que o próprio diabo.

São elaboradas “caixas” para Deus minuciosamente baseadas na letra da bíblia, chamadas doutrinas, profissão de fé, regras da igreja, catequese etc., que na melhor das hipóteses servem para alguém reinar sobre outros, e nas piores hipóteses servem para os tais abusos psicológicos, físicos e financeiros, de cujos pouquíssimos escapam ilesos, e eu o desafio a considerar a possibilidade de assim estar acontecendo com você.

Amigos, Deus é livre! Das pedras Ele pode suscitar filhos a Abraão! Deus pode retribuir o equivalente ao trabalho de um dia inteiro a alguém que chegou na última hora! (Mateus 20:1 a 16) Deus pode se reunir com o ladrão da cruz, que nunca foi baptizado, no Paraíso! (Lucas 23:39 a 43).

A Palavra de Deus sempre nos chama à sobriedade. Ela nos orienta para que nos embriaguemos do Espírito de Deus - não para torpor, mas para a lucidez. Deus manda que avaliemos as doutrinas, seja de quem for, na vida e nos frutos que de tais doutrinas resultam, sabendo que Deus é livre, pois é Deus e não há nenhum regimento humano (igreja, pessoas ou nações) que possa retê-Lo, como se de um “génio da lâmpada” se tratasse para atender aos próprios desejos e objectivos.

Ninguém nem nada que existe pode reter aquele que É, e nenhuma de suas Obras: Seu Agir, Perdoar, Cuidar, Tratar, tudo no seu infinito Amor, fazendo de cada indivíduo a sua igreja, o seu templo.

Por isso meu caro amigo, Deus tem igrejas onde sequer imaginamos, e plantar igreja é plantar a semente do evangelho de Cristo em amor nos corações de cada pessoa. Livre assim!
Paulo Cunha (via)