quinta-feira, 1 de maio de 2014

Sacerdote Institucional VS Samaritano Desinstitucionalizado

Pense nisto: não seja um institucional ortodoxo sacerdotal e levita, mas seja sim um desinstitucionalizado heterodoxo-herege do unigo dogma: o Amor Divino...

Um protesto contra os protestantes, que em geral, criticam os que fazem o bem á humanidade que eles não fazem, só porque os que fazem o bem não são protestantes... Grande dica do Gandhi, discernida e vivida: O homem encontra-se quando se perde para servir o próximo. 

Qual destes 2 grupos é de Deus?

1 - Sacerdotes e levitas - O individuo que concebe o culto a Deus como doutrinas e discursos das Escrituras, sem discernir nessas Escrituras que Deus é amor e que quem ama é de Deus, enquanto que quem não ama não é de Deus; mas antes vive para se entreter a si e outros com canções para Deus, em todo o culto e liturgia monoteísta, manifesta num lugar pseudo-sagrado! 

2 - Samaritanos - Todas as pessoas que amam com amor de Deus, ainda que meio equivocadas na complexidade das minucias doutrinárias, mas discernindo que Deus é amor e portanto discernindo a essência de Deus, servindo o próximo como ferramenta divina de libertação individual e social!

É claro que o grupo 2 é que tem verdadeiramente revelação de Deus!

Ora o grupo 1 são os religiosos crentes no nome verdadeiro do Deus único, tendo aparentemente o discernimento e monopólio da revelação divina; julgando e criticando já nesta vida o mundo e sua história, todos os grupos e religiões e até os anjos. Apenas concebem Deus e a vida á volta de um lugar sagrado e controlado por uma elite sacerdotal, vivendo empedrados e empedernidos, julgando que Deus existe para lhes fazer bem e enriquecer, como se eles fossem melhores que alguém neste mundo e como se fossem um fim e não um meio de Deus socorrer a miséria de todos. 

Palavra do Senhor:

E eis que se levantou um certo doutor da lei, tentando-o, e dizendo: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?E ele lhe disse: Que está escrito na lei? Como lês?

E, respondendo ele, disse: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas forças, e de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.

E disse-lhe Jesus: Respondeste bem; faze isso, e viverás.

Ele, porém, querendo justificar-se a si mesmo, disse a Jesus: E quem é o meu próximo?

E, respondendo Jesus, disse: Descia um homem de Jerusalém para Jericó, e caiu nas mãos dos salteadores, os quais o despojaram, e espancando-o, se retiraram, deixando-o meio morto.
E ocasionalmente descia pelo mesmo caminho certo sacerdote; e, vendo-o, passou de largo.
E de igual modo também um levita, chegando àquele lugar, e, vendo-o, passou de largo.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, moveu-se de íntima compaixão;
E, aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e, pondo-o sobre o seu animal, levou-o para uma estalagem, e cuidou dele;
E, partindo no outro dia, tirou dois dinheiros, e deu-os ao hospedeiro, e disse-lhe: Cuida dele; e tudo o que de mais gastares eu to pagarei quando voltar.
Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?

Lucas 10:25-36


No outro dia apercebi-me de várias protestantes com posição religiosa de pseudo-sumo-sacerdotes, tendo assim uma pequenita posição de influência sobre um pequeno grupo de pessoas; a terem dificuldade com a honra e reconhecimento que a sociedade, em geral, dá a indivíduos como Mandela e como Gandhi, entre outros... E isto porque têm inveja do reconhecimento humano atribuído a outros que não eles, vivendo para tentar adquirir a glória dos homens e profundamente aborrecidos por verem esta ser atribuída a indivíduos, que não são da sua religião e nem comungam de sua cosmovisão, aos quais julgam como não salvos-não crentes, ou impios, perdidos, etc...

Que miséria! E não percebem que estes indivíduos como Tolstoi, Mandela e Gandhi, não são gente da glória dos homens, pois buscaram a glória de Deus e não o comodismo e benefício pessoal da auto-promoção e auto-preservação... 

Estes protestantes não percebem que o samaritano citado na parábola de Jesus é o - arquétipo, o tipo, o símbolo, o paradigma, o exemplo, a referência - a significação e postura de todos os indivíduos que são considerados pelos religiosos monoteístas, como gente fora dos parâmetros da ortodoxia religiosa e suas doutrinas em nome do Deus único…

Isto porque estes samaritanos não são escravos de uma religião centralizada, com endereço fixo, que gravita á volta de um templo de pedra e de sua elite, com seus pretensos oráculos em nome de Deus...

O samaritano era um individuo que tinha uma crença, em que verdades teórico-doutrinais da Verdade, eram misturadas a mentiras teórico doutrinais e equívocos acerca da Verdade, sendo que era portanto um indivíduo heterodoxo, herege na doutrina, equivocado, filho da mentira, desviado da verdade, gente á deriva, etc, etc... 

No entanto Jesus afirma que este tipo de indivíduos pode ter e tem mais predisposição para discernir a Verdade de Deus que os religiosos que detêm as Escrituras e cultivam uma religião, sem discernir a Palavra contida nas Escrituras...
O samaritano concebia Deus não num templo de pedra em seu endereço e horas fixas, mas antes discernia o sagrado em toda a Terra, especialmente na vida do ser humano seu próximo e por isso se moveu de compaixão, ou seja, de amor - a própria essência de Deus...

Gandhi ou Tolstoi não discerniam as Escrituras no que concerne a Trindade, como Calvino ou outro gigante teólogo protestante, mas no entanto Calvino não discernia Deus como Amor puro e simples e esta é a grande heresia.
E mais ainda, Gandhi e Tolstoi, discerniam Deus como amor e encarnaram esse amor, vivendo de forma radical o sermão do monte, conseguindo aquilo que antes de ele o fazer, era já á uns séculos considerado utopia: a não-violência, o amor a vencer o mal com o bem...

Portanto não se pode discernir o Divino sem ser na Vida, em toda a terra, especialmente na vida do ser humano, sendo que para servir verdadeiramente o ser humano, não se pode servir em instituições fixas e rígidas, sem igualdade e verdadeira liberdade, na ilusão de que somos agentes de caridade; pois estas instituições tendem apenas a multiplicar e reproduzir imagens da sociedade injusta, pela forma como se organizam, pela forma como gerem as decisões através de poucos indivíduos privilegiados do seu grupo, assim como pela forma como distribuem o poder e os cargos, ou pela falta de equidade e igualdade, e ainda pela reprodução do modelo hierárquico, económico e social da sociedade institucional injusta donde emergem... 

Servir a Deus é trazer dignidade e alegria á vida de quem não tem...

Deve-se libertar o individuo para a liberdade definitiva e verdadeira, evitando jamais voltar a aprisionar alguém num qualquer sistema opressor, que não seja livre e igualitário, por reproduzir apenas mais hierarquizações e estratificações sociais injustas... 

De que serve por exemplo uma instituição que liberte um individuo das drogas pela pregação do Evangelho, se depois o irá discipular num sistema micro-ssocial opressor e injusto, que reproduz as mesmas estruturas injustas da sociedade onde o drogado vivia oprimido?!

O individuo é liberto, mas depois escandaliza-se por ver reproduzidas na instituição protestante, as mesmas opressões da sociedade donde veio, sendo tal injustiça criada pelo topo hierárquico dessa instituição, que monopoliza o poder de decidir, pelo conhecimento supostamente monopolizado neles que são o topo hierárquico; assim como a riqueza económica da instituição também monopolizada pela minoria do topo hierárquico...

O individuo escandaliza-se e com razão, já não quer ouvir falar de Deus e foge para a sociedade opressora donde veio, sem ser verdadeiramente liberto, para voltar a ser um escravo... 

Ou então o individuo não se escandaliza, mas tomando gosto á religiosidade, deixa de viver para a droga e passa a viver para a hipótese de escalar no sistema social injusto da instituição protestante á qual agora pertence, tornando-se também escravo, enquanto se alimenta da expectativa e ilusão de vir a subir até ao topo da pirâmide da citada instituição, sendo para isso mais fiel aos ditadores do que á sua própria consciência; pela conivência com tal injustiça, tornando-se também ele um agente opressor, manifestando injustiça aos que estão abaixo de si hierarquicamente... E isto é apenas um exemplo institucional... 

Poucos são os indivíduos que verdadeiramente discernem o Evangelho em tais meios opressores, sendo que ao discerni-lo, abandonam o meio protestante, não para voltar a ser escravos da sociedade opressora, mas para mergulhar no desinstitucionalizado Reino do Amor de Deus...

Dificilmente tal acontece sem dor...

Porque mesmo nas instituições ditas de caridade, como se detém o poder de decidir? Como se é tecnocrata? Como se criam divisões e estratificações sociais de poder económico, técnico e material?
Como se criam desigualdades entre seus membros e barreiras para que todos sejam livres para servir com todo seu potencial, para alem das suas capacidades meramente utilitárias e tecnológicas?
Como se gerem e dividem os recursos? Etc, etc…

Mas não é assim com Jesus e o Evangelho...

No Reino de Deus, toda a terra é sagrada, e faz-se o bem a todos, inclusive aos inimigos, discernindo-se que Deus é amor e que por isso não se necessita de um templo de pedra com endereço fixo, nem de religião com hora marcada, nem de doutrinas, nem de sacerdócio elitista, nem de corais e nem de nenhuma reprodução das estruturas sociais dos reinos deste mundo; para simplesmente se poder fazer o bem de graça.

Ou seja, pura e simplesmente fazer o bem a quem necessita, num ambiente de igualdade, porque se sabe que aqueles que seguiam a Jesus, não tinham ajudas do poder politico-económico-religioso vigente.

Os do Reino sabem que o sistema social vigente é opressor, assim não necessitavam de grandes recursos tecnocráticos e nem de poder conforme este mundo e saindo desse sistema e reino opressor, não criavam outro sistema opressor, mas antes um Reino de liberdade e igualdade.

Os discípulos abandonavam-se ao Amor e perdiam sempre materialmente por seguir o mestre, pois seu movimento desinstitucionalizado era impopular aos olhos do poder politico-económico-religioso vigente, que nada tinha para lhes dar, ainda que pela louca partilha de todos os bens materiais entre todos, verdadeiramente todos tivessem tudo...

Pense nisto: não seja um institucional ortodoxo sacerdotal e levita, mas seja sim um desinstitucionalizado heterodoxo-herege do Amor Divino...

J.P. Maia, nos idos de Dezembro de 2013, depois de uma hora a pedir a Jesus para ser um samaritano do Deus-Amor e jamais um levita empedrado da religião.

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