segunda-feira, 5 de maio de 2014

O que é Igreja, templo e ministro de Cristo?


O que é ser ministro de Cristo? – O ministro de Cristo é escravo remador! E com tal liderança, como os manos de Mileto, também eu choraria de saudade, pois amo a verdade da Igreja, toda a verdade…

…De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário. Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram.Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber…

Atos 20:33-35

Ministro – do grego huperetes – que designa alguém que serve com as mãos, subordinado, e que era o nome dado aos remadores escravos inferiores das galeras romanas. Os navios moviam-se a remos e ao vento. Quase sempre era necessário remar e para tal os navios estavam apetrechados de escravos, como vemos no filme de Ben-Hur.
Esses escravos viviam sempre acorrentados aos remos e eram escravos remadores até á morte. Trabalhavam arduamente remando, comiam, dormiam e faziam as necessidades sempre acorrentados aos remos. Por razões óbvias viviam pouco tempo.
Não era problema para os romanos, pois rapidamente substituíam o escravo morto por outro escravo.
 As galeras tinham usualmente 2 fileiras de remadores. Os escravos da fileira de baixo eram ainda de mais sofrível condição, pois os escravos de cima urinavam e defecavam para baixo e a porcaria cai-lhes em cima. Eram os UPERETES.

É esta a palavra usada para Paulo quando se chama a si mesmo MINISTRO. A Palavra ministro é Huperetes no original grego e é usada em várias epístolas e aqui em Atos 20, conforme se viu acima e se verá adiante.

 Infelizmente hoje quando lemos em português a palavra ministro, somos condicionados por nossa cultura, pois ministro na cultura portuguesa, é alguém em posição de destaque, em governação e liderança estadual e política, sendo que esta liderança é mundana, contrária á que Jesus ensinou, sendo efetuada por indivíduos de fato e gravata, com muitas regalias e privilégios, cheios de prerrogativas, servindo-se do povo em vez de o servir.

Isto é um ministro na cultura ocidental e o ministro das Instituições cristãs é também assim, pois o cristianismo com Constantino e com Lutero e com o patriarca ortodoxo, casou com o poder político, de forma que sua liderança é cheia de prerrogativas e privilégios, servindo-se em vez de servir, vivendo às custas do esforço do povo.

Nesta bela porção das Escrituras que se segue, em Atos 20, vemos muito sobre o ministério de Paulo e o que é ser ministro (UPERETES).

 Paulo escreve metade do novo Testamento, porque Deus assim o quis.
Os apóstolos em Atos 1 escolheram á sorte um apostolo para substituir Judas, mas Jesus já houvera escolhido Paulo desde o ventre de sua mãe quando foi concebido, e isto fisicamente, pois espiritualmente, como todos nós, foi sonhado por Deus antes da fundação do mundo, no Logos, conforme sua consciência expressa no inicio da epistola aos Efésios.

No livro de Atos, o ministério da Palavra do Reino do Cristo é dividida em 2 secções principais: o ministério de Pedro e o ministério de Paulo, com uma ponte entre estes 2 ministérios principais: o ministério de Estêvão e Filipe entre os diáconos judeus de expressão helénica e não judaizantes.

 Nota-se uma clara tensão entre os primeiros cristãos de mentalidade judaica e os cristãos que percebem que a cultura judaica não é o Evangelho. Os 12 apóstolos e Tiago, o irmão do Senhor, permanecem em Jerusalém até á morte ou fuga, desde o Pentecostes na década de 30d.c. até 70d.c., quando o general e futuro imperador Tito invade e destrói Jerusalém e o Templo.

OS apóstolos estavam equivocados e não tinham ainda a revelação de Paulo.
É com muita resistência a Deus e com pouca revelação, que Pedro aceita ministrar o Evangelho a Cornélio, um gentio. Os apóstolos e especialmente Tiago, eram de um cristianismo que misturava o evangelho com a circuncisão e a Lei de Moisés, assim como a frequência ao templo de pedra de Herodes, que Jesus profetizara que seria destruído pelo juízo de Deus.

Vê-se a tensão entre os cristãos judaizantes influenciados pelo farisaísmo e Paulo, que entende a revelação do Evangelho para os gentios, em transculturalidade, com o imperativo de ministrar apenas Evangelho, sem Lei e sem cultura judaica, em formato cultural conforme o do recetor do Evangelho, de cultura bárbara para os bárbaros, grego para os gregos, romano para os romanos, etc, etc.

Vê-se também muito claramente essa tensão na pequena biografia ministerial de Paulo na sua epístola aos Gálatas. Mas não foi Paulo que vislumbrou primeiro esta magnifica revelação de Deus. Estêvão foi o primeiro e é Estêvão que sendo judeu, mas judeu estrangeiro, de cultura grega, um emigrante exposto a outras culturas, que entende que o Evangelho da graça de Deus não deve ser misturado e adulterado com a cultura judaica e discerne também que o templo de Deus são as pessoas.

No início da Igreja em Jerusalém, as pessoas reuniam-se em casas e cuidavam de todos e viviam de forma singela, inclusive a liderança, que era sustentada apenas no básico, sem ordenado, apenas comendo, assim como comiam e eram cuidados diariamente todos os necessitados crentes. A liderança não vivia com ordenado e cheia de privilégios.

A Igreja reunia-se diariamente em casas, onde comiam juntos e davam de comer aos crentes necessitados, todos dias, sendo que os apóstolos que com eles se reuniam comiam daí também, não tendo mais nenhum tipo de sustento. Como se reuniam em casas, não tinham despesas com templozinhos, sobrando assim o dinheiro para investir exclusivamente na vida dos necessitados crentes, que eram encarados como pedras vivas do templo vivo do Deus vivo a ser cuidado.

O ambiente era familiar e todos tinham oportunidade e á vontade para ministrar de Deus uns aos outros e viviam em singeleza e comunhão. No entanto, apesar desta vivência conforme a revelação de Jesus, os apóstolos ainda tinham uma fixação pela velha Aliança e ainda iam ao Templo orar, ainda que o encarassem maioritariamente como ambiente evangelístico, pois para reunir em culto litúrgico, faziam-no em casas de irmãos.

Mas os apóstolos não haviam ainda feito ruptura definitiva com o templo de Herodes e misturavam a Lei de Moisés e a circuncisão ao Evangelho.
 Estêvão fez a ruptura e deixa os lideres judaicos ainda mais irados do que deixaram Pedro e João.
 Por isso Estêvão é martirizado, acusado de blasfémia contra Deus e o Templo, pois ele pusera total e definitivamente de parte o judaísmo, com a radicalidade da fraturante mensagem do Evangelho em relação a qualquer religião, inclusive a do judaísmo, com o templo de pedra e sua elite sacerdotal, com circuncisão e toda a Velha Aliança.

Estêvão proclamara que a salvação era exclusiva em Cristo, para todas as culturas, e que de toda a gente Deus levantava o seu templo vivo. Estêvão pregara sem medo toda a verdade da graça do Reino de Cristo. Os apóstolos e Tiago não eram tão radicais em relação ao judaísmo, eram teimosos a proclamar Jesus como o Messias, mas de resto sua mensagem não era tão fraturante e daí tantos sacerdotes e fariseus se converterem ao híbrido “evangelho” de Tiago, quando perceberam que era mantido no essencial o judaísmo.

Tiago só mais tarde aprende e rejeita definitivamente a cultura, ritos obsoletos e temporários do cerimonial da Lei, mantendo apenas a ética imperativa do amor da Lei como faz o Evangelho.
No entanto Estêvão é morto. Os diáconos e os crentes fizeram o que os apóstolos não fizeram, levaram o avivamento para fora de Jerusalém e do contexto judaico.

No entanto os apóstolos centralizados e empedernidos em Jerusalém, queriam controlar as coisas e enviavam sempre alguém a bisbilhotar o que se passava, fazendo isto porque sua mentalidade era ainda da Velha Aliança, esperavam ainda um Cristo que restaurasse em Jerusalém o trono de David, conforme vemos em Actos 1, e consequentemente o templo de Salomão.
Eles queriam fazer de Jerusalém um primeiro Vaticano, uma religião em nome de Cristo, centralizada, com endereço geográfico, hierárquico, institucional e elitista.

Paulo tem de resistir a este espírito e repreende a Pedro quando ele vem a Antioquia bisbilhotar e tentar controlar em nome de Tiago.

Antioquia torna-se a referência para a Igreja viva do Deus vivo.

Os 12 apóstolos permanecem em Jerusalém cerca de 40 anos. Enquanto isso, Paulo, Barnabé e uns poucos aventuram-se para fora de Jerusalém, para fora da Judeia, para fora de Samaria, até aos confins da Terra.

É preciso Jesus cumprir a profecia em 70d.c. e usar Tito como destruidor de Jerusalém e do templo de pedra da religião morta, para que os apóstolos sobreviventes, á excepção dos Tiagos, o irmão de João e o irmão do Senhor, se façam á estrada romana e até á India, Etiópia, Babilónia, etc, etc,

 Em 70d.c., custou, mas finalmente todos haviam aprendido o que Paulo revelou da parte de Deus e que Estêvão não teve tempo para fazer insistentemente, assim como se lembraram que Jesus lhes instara para que não admirassem o templo de Herodes e dos saduceus profissionais da religião, pois não restaria pedra sobre pedra.

Eles lá aprenderam, no entanto não convém que os que se dizem cristãos cometam seus erros iniciais, sendo que não se trata aqui de falharmos e errarmos, pois todos falhamos, mas antes trata-se de corromper o Evangelho e limitá-lo ou ter consciência correcta do que é o Evangelho.

Por isso Paulo chamava aquela Jerusalém de escrava e por isso Pedro lá assume depois da fuga de Jerusalém destruída, que Paulo é que sabe, ainda que lhe pareça complicado, pois não é fácil desmontar o judaísmo e a carnalidade camuflada da religião.

Então Paulo foi logo inicialmente pelo mundo fora.
Paulo é enviado de Deus e enviado da Igreja em Antioquia, que tinha uma liderança plural, igualitária, não institucionalizada, com vários dons da Palavra, como apóstolos, pastores-mestres, evangelistas e profetas.

Paulo vai pelo mundo fora e proclama o Evangelho e igrejas surgem, igrejas estas que á semelhança de Antioquia e conforme a revelação de Deus, são grupos de pessoas que se reúnem em casas, com liderança plural, com liberdade para todos ministrarem o dom de Cristo depositado em suas vidas, sendo que Paulo foi seu líder pelo exemplo e não pela imposição institucional.

Sim, Paulo nunca se institucionalizou como o líder papal do movimento, pois se assim fosse, controlaria férreamente as igrejas, mas não era assim, pois outros lá podiam ministrar, de maneira que quando os próprios coríntios e os gálatas a quem ele evangelizou, começam a ir atrás de vaidosos religiosos e gananciosos judaizantes, ele apela a que eles comparem seu exemplo com os desses cães da religião e quase que os cães se apossam das igrejas. Isto porque as igrejas não eram feudo de Paulo e ele liderava por exemplo e afectividade e não por imposição institucional. As igrejas não eram instituições, eram apenas comunidades de pessoas que se reuniam em casas e tinham aí comunhão, não tendo despesas além de cuidarem uns dos outros.

Mas vejamos um belo exemplo disso em Atos 20:17-38:

v.17 - E de Mileto mandou a Éfeso, a chamar os anciãos da igreja.

  (Paulo sabe que não verá mais a igreja em Éfeso, está com pressa em chegar a Jerusalém e por isso manda chamar a Mileto onde se encontra, a liderança plural da Igreja em Éfeso. Pois alem de se querer despedir para sempre, Paulo sabe da futura tentativa de perversão religiosa dessa igreja pelos cães profissionais mercenários da religião e por isso chama a liderança, que é liderança plural, presbíteros, que obviamente têm de ter ministério da Palavra e lideram pelo exemplo e em pluralidade, nunca sozinhos armados em papinhas num modelo hierárquico conforme as caídas potestades do ar...)


v.18 - E, logo que chegaram junto dele, disse-lhes: Vós bem sabeis, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, como em todo esse tempo me portei no meio de vós,
v.19 - Servindo ao Senhor com toda a humildade, e com muitas lágrimas e tentações, que pelas ciladas dos judeus me sobrevieram;

(Paulo sabe que a religiosidade perversa do cristianismo institucional opressor vem a caminho no espirito do anti-cristo e quer advertir a liderança disso mesmo e para tal lembra-lhes do carácter do líder ao lembrar-lhes seu exemplo serviçal, com humildade e nunca hierarquia, chorando por eles em compaixão e com sofrimentos desde o início, pelas perseguições dos religiosos vaidosos, que se gabam de suas obras e negam a cruz de Cristo e a graça do Evangelho...)


v.20 - Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e pelas casas,

(Percebemos que Paulo ministrou toda a verdade e não o que as pessoas gostam de ouvir em comodismo. Paulo proclamava em público, ou seja, evangelizava publicamente a Verdade do Reino, em praças e ruas, mas jamais proclamava um Deus lâmpada do Aladino a fim de que as multidões o seguissem.
Aos evangelizados publicamente, Paulo discipulava na Igreja, que era a comunidade de crentes que se reunia exclusivamente em casas, onde em comunhão familiar, em ambiente de igualdade e fraternidade ensinava e discipulava com o auxílio de seus cooperadores...)


v.21 - Testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo.

(Paulo pregava a judeus apenas o Reino de Deus e sua justiça e não cobiças materiais e vaidades camufladas, assim como o Reino adquirido exclusivamente pelos méritos gratuitos em Cristo Jesus, por sua obra salvífica exclusiva, não havendo lugar para vaidades dos que iludidos se julgam bem comportadinhos e juízes do próximo, nem condenação e neuroses para os que admitem suas falhas e a universalidade do pecado; assim como o fazia também aos gregos a quem não tentava seduzir tentando tornar palatável o evangelho á intelectualidade humana falível...)


v.22 - E agora, eis que, ligado eu pelo espírito, vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer,
v.23 - Senão o que o Espírito Santo de cidade em cidade me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações.

( Paulo confessa a importância e peso de suas palavras, pois ele sabe que vai embora para testemunho do Reino, com sofrimento e morte, sendo portanto estas palavras seu testamento final e por isso circunstancialmente semelhantea áa ultimas palavras de Jesus na ultima ceia,  ou seja, palavras e conselhos finais, síntese, do que é verdadeiramente importante).


v.24 - Mas de nada faço questão, nem tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com alegria a minha carreira, e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus.

(Paulo afirma que não tem medo do sofrimento e nem da morte, pois na imitação de Cristo, acredita na ressurreição, pelo que o ministério é o serviço e pregação da graça de Deus, pela manifestação do favor imerecido divino, que escandaliza os vaidosos e mercenários da religião; os quais estão dispostos a mata-lo, o que não traz medo a Paulo, visto que sua vida só tem significado pregando a Verdade do Evangelho, conrária á religião, pois ele não vive para ter posição e glamour, ou fim de viver fartos anos de privilégios de elite de quem vive para se servir do povo em vez de o servir, mas antes vive para a felicidade e bem-aventurança de dar e servir...)


v.25 - E agora, na verdade, sei que todos vós, por quem passei pregando o reino de Deus, não vereis mais o meu rosto.
v.26 - Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos.
v.27 - Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus.

(Paulo confessa novamente que nunca mais os verá, mas que tem a consciência tranquila, pois lembrando-se do atalaia do profeta Ezequiel, ele cumpriu seu dever de os advertir do erro e de toda a sorte de pecado, sendo que assim não tem sobre si a culpa dos outros; uma vez que anunciou o verdadeiro Evangelho e não apenas uma mera religião em nome de Jesus com doutrinas de auto-preservação, auto-promoção e auto-enriquecimento. Paulo não pregou o que a carne quer ouvir: conforto, preservação, prosperidade material, em detrimento de desconforto de quem vive para servir e dar ao próximo em vera comunhão de Deus).


v.28 - Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.

(Paulo exorta os presbíteros, que são os lideres, a duas coisas:
1ª – cuidarem deles mesmos;

e 2ª – cuidarem do povo de Deus.
A Igreja reunia-se em casas, como vemos em Atos e nas epístolas nas saudações iniciais e finais, pelo que por isso o ambiente é de familiaridade, intimidade e liberdade, permitindo que nesse mesmo espirito intimista, Paulo peça aos líderes que continuem a liderar.

Ora liderar é cuidar e portanto eles devem primeiro cuidar de si mesmos. Os líderes são chamados de bispos, pelo que vemos que presbítero é o mesmo que bispo, ao contrário do que afirma o catolicismo e alguns ramos protestantes. Bispo não é o chefe singular de vários padres ou pastores, pois aqui vemos que os presbíteros que lideram em cooperação e igualdade são bispos, comprovando-se assim que bispos lideram em igualdade e cooperação, não sendo a nojenta posição hierárquica das trevas que o sistema cristão impôs de uj individuo acima dos demais.

 Os presbíteros-bispos, lideram em igualdade de posição: servos de todos, assim como lideram em cooperação uns com os outros, complementando-se, sendo o exemplo devem guardar-se na imitação de Paulo á imitação de Cristo, dando a vida pelo povo, com carácter serviçal e não egocêntrico e vaidoso. Para tal devem os lideres vigiar-se a si mesmos individualmente e uns aos outros, ou seja, a liderança é plural e em igualdade, em presbitério, sendo que não há um papa, pois no presbitério não há um líder sobre lideres, são todos iguais e nessa igualdade que evita opressões e vaidades, devem cuidar uns dos outros, a fim de serem exemplo serviçal de singeleza e verdade para todo o povo.

Uma vez que cuidam uns dos outros, podem ter saúde espiritual  para ministrar o ministério da Palavra ao povo, enriquecido pela complementaridade de uma liderança plural, tal como Paulo fizera, fazendo-se acompanhar de outros líderes e ministérios da Palavra, como o de Silas o profeta; pois Paulo reconhecia que não tinha toda a unção e nem todo o dom da Palavra e como não vivia para brilhar ele sozinho, mas antes vivia para Cristo brilhar através de todos, assim o fez.

 Tal ministração visa a firmeza da consciência do povo na graça de Cristo e o levantar de pessoas para a plenitude do que podem ser em Cristo como dom de Deus, vivendo eles para levantar ministérios e vidas de pessoas, em vez de usarem pessoas para levantar seus ministérios, e tudo isto em grupos familiares, em ambiente intimo, livre, igualitário e de singeleza e simplicidade...)


v.29 - Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho;
v.30 - E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si.
v.31 - Portanto, vigiai, lembrando-vos de que durante três anos, não cessei, noite e dia, de admoestar com lágrimas a cada um de vós.

(Paulo lembra uma vez mais a perversão da religião em nome de Cristo, no espirito anti-cristo, que vem a caminho, numa liderança mundana de lobos, que ao contrario do líder cristo-cordeiro, não vivem para dar a vida, mas antes existem para sorver, consumir e explorar a vida do rebanho, em liderança institucional, elitista, hierárquica e exploradora, como de facto a história depois o comprovou.

 E o pior é que Paulo profetiza que alguns deles tendo começado cordeiros serviçais e livres, se tornarão lobos institucionais do sistema religioso compressor, não aproveitando os três anos de constante serviço e ministração da verdade e exemplo de Paulo na imitação de Cristo, fazendo-se o menor e servo de todos a fim de liderar no paradigma vero da liderança: dar e servir.

 Paulo profetiza que a perversão vem aí, para criar um sistema religioso e atrair os que foram evangelizados na simplicidade e rusticidade do evangelho, para a complexidade do sistema religioso denominacional e institucional, com elites sacerdotais, negação do sacerdócio universal, ostentação da liderança, ausência de liberdade ao Espirito a mover-se livremente em todos como queira, etc, etc...)


v.32 - Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados.

(Paulo ora para que eles fiquem firmes na graça de Deus, no favor imerecido da performance e méritos de exclusivos de Cristo, imerecidos por nós, mas por amor louco manifestos em nosso favor para a vida eterna, que é a antítese da religião com sistemas e doutrinas de auto-justificação e performances humanas, com suas neuroses, culpas, condenações e ausência do perfeito amor, sem o qual não á constrangimento á mudança interior, em processo de santificação poderosíssima que conta com a inefável e amorosa paciência de Deus...)


v.33 - De ninguém cobicei a prata, nem o ouro, nem o vestuário.
v.34 - Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos que estão comigo, estas mãos me serviram.

(Porque Paulo sabe que a perversão do sistema religioso cristão vem a caminho, ele lembra que o líder de Deus não é pesado á igreja, lidera em pluralidade e não sozinho, assim como ele e seus cooperadores trabalham e servem a igreja, sem jamais se servirem dela. Estão ali para liderar de Deus e portanto dar e servir e não explorar e ser servidos.

 Em Jerusalém a liderança era singela e apenas recebia comida da igreja, nas refeições diárias nos cultos familiares com o partir do pão, concedidas aos líderes e a todos os necessitados. No entanto Paulo, a quem inequivocamente Cristo escolheu e o Espirito mais usou para revelar o que é Igreja e ministério, vai mais longe. Sim Paulo, o exemplo de Deus, na imitação de Cristo e revelação plena do Evangelho, afirma o que vive: a liderança verdadeira não é pesada á Igreja…

Nós sabemos que Paulo o fez e ele exorta os líderes a fazer o mesmo. Em Éfeso, Paulo trabalhava em seu ofício de tendas, com seus cooperadores e não era pesado á Igreja, pelo que Deus honrou isso e a Igreja cresceu, vendo os aventais e lenços suados de Paulo no trabalho de seu sustento, a serem usados por Deus para curas e sinais da chegada do Reino de Cristo.

E Paulo ainda tinha tempo para ensinar e bem a Igreja, em cultos nas casas, pois dividia o fardo da ministração da Palavra com seus cooperadores, uma vez que ele não estava ali para brilhar sozinho num one man show, mas em vez disso reconhecia suas limitações e necessidade de complementaridade do dom de Cristo através da vida de outros.

A palavra no grego original para serviram - as minhas mãos me SERVIRAM - neste versículo, é o verbo do adjectivo HUPERETES, ou seja, Paulo exerceu HUPERETES, pois via-se a si como filho de Deus, mas em termos hierárquicos, vivia a única hierarquia ensinada por Cristo, que era funcional e de atitude e jamais institucional e posicional de statos quo. Essa atitude era a do verdadeiro líder: o menor de todos, sem prerrogativas, como o escravo remador, o mais baixo de todos, o servo de todos, sem vaidades, sem posições, em completa humildade e singeleza e isso É SER MINISTRO DE VERDADE...)


v.35 - Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber.

(Paulo servia e liderava na imitação de Cristo, não sendo pesado á Igreja, pois ele sabia que o dinheiro, sem o qual nada de físico se faz nesta vida física, era necessário para os enfermos e todos aqueles em fraqueza e necessidade. Para Paulo espiritualidade era dar, em vez de viver motivado e empenhado para receber a fim de entesourar e prosperar.

O dinheiro que as pessoas tinham disponível não era para rendas de templos ou sinagogas, pois reuniam-se singela, livre, fraternal, afetiva e igualmente, em casas, em domicílios, pois sabiam que a Igreja eram pessoas, sendo que eles não tinham liderança vaidosa que queria subtilmente regozijar-se no ego como o capitão do templo.

 Por isso o dinheiro que tinham era para cuidar de pessoas necessitadas, revelando a comunhão do amor do Reino de Deus, assim como proclamando que as pessoas é que são o templo vivo ao qual se deve fazer manutenção...)


v.36 - E, havendo dito isto, pôs-se de joelhos, e orou com todos eles.
v.37 - E levantou-se um grande pranto entre todos e, lançando-se ao pescoço de Paulo, o beijavam,
v.38 - Entristecendo-se muito, principalmente pela palavra que dissera, que não veriam mais o seu rosto. E acompanharam-no até o navio.

(Depois deste testamento final, tipo ultima ceia, síntese do mais importante no que diz respeito á verdadeira Igreja, oram e choram, já com saudade daquele que imitou o Cristo…

Choraram, pois pudera, com liderança assim também eu chorava de saudade) … Atos 20:17-38

J.P. Maia, a 5 de Dezembro de 2013, chorando com Cristo, em intercessão pela Igreja, assim como chorando de saudade da liderança da Igreja primeva e vera…

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