sexta-feira, 23 de maio de 2014

As 10 bem-aventuranças - do monte da Galileia para o monte do Golgota

                         
        

                       As bem aventuranças - o Decálogo do Messias

Em Mateus 5, vemos Jesus num monte da Galileia, a proferir sua síntese do Reino dos Céus, que é o Reino de Deus, começando com seu Decálogo de 10 bem-aventuranças, as quais se explicarão, mas antes vejamos como Jesus chega ao Monte:

Para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías, que diz:
A terra de Zebulom, e a terra de Naftali, Junto ao caminho do mar, além do Jordão, A Galileia dos gentios;
O povo, que estava assentado em trevas, viu uma grande luz; aos que estavam assentados na região e sombra da morte, a luz raiou.
Desde então começou Jesus a pregar, e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus. - Mateus 4-14-17

Ora na Galileia começara o juízo de Deus sobre seu povo, pois quando Israel se desvia em suas idolatrias, Deus através de seus profetas pede arrependimento e avisa que virá juízo sobre o não arrependimento das muitas mazelas psiquico-sociais, que Israel trazia à sua própria sociedade, que deveria ser a comunidade do amor da Lei de Deus.
Como sabemos, o reino de Israel dividiu-se após a morte de Salomão, em reino de Israel ao norte e reino de Judá ao sul.
Israel, o reino do norte, perverteu-se mais rapidamente que Judá.  Deus enviou seus profetas a ambos estados e sociedades. 
Mas Deus começou por exortar Israel, pois este se perverteu mais rapidamente. Depois Deus também exortou a Judá. Nenhum dos reinos se arrependeu, pelo que Deus teve de os julgar e corrigir. Israel foi o primeiro a ser corrigido, sendo levado para o cativeiro atroz da Assíria.
Mais tarde é também Judá que vai para o cativeiro, pelas mãos dos babilónios.

No Reino de Deus há juízo, ainda que muitos líderes e referências espirituais falem do contrário. Por causa do legalismo, fanatismo e outros paradigmas farisaicos de acusação sem graça e perdão do amor, alguns indivíduos que amam a metafisica e as coisas espirituais, caíram no outro oposto de dizer que Deus não exerce juízo, o que é falso, perigoso e sobretudo anti-Evangelho, ou seja, anti-Cristo.
Deus é juiz, pois Deus é justiça, sendo que sua justiça flui precisamente de seu amor. Por ser Amor, Deus é um juiz amoroso! Deus exerceu seu juízo na cruz, em Cristo, pelo que negar o juízo de Deus significa negar o Cristo verdadeiro, o Cristo crucificado-ressurreto.
Também no ultimo dia da história, Cristo virá em juízo sobre os que não amam, a fim de inaugurar a plenitude do Reino do Amor, pelo aperfeiçoamento escatológico de todos e de todo o universo, que foi criado para o amor e não para a perversão. Deus tem de exercer juízo. 
Ainda bem que Deus exerce juízo e que o exerce como exerce, pois exercendo-o expurga o mal do universo; sendo ainda que o faz com muita paciência e mansidão, dando a todos sem exceção, através de sua graça, o privilégio de se entregar a Ele para viver num universo redimido de todo mal.
Por mais que life-coachers, gurus e pessoas que vendem auto-ajuda, pretendam enaltecer e glorificar o homem subtilmente, a verdade é que Deus exerce juízo e nós precisamos de arrependimento. Mas devemos também entender que o Deus-Amor é muito paciente e sobretudo eficiente e efetivo em nos transformar processualmente na graça de seu amor. Por isso Paulo fala de caminharmos de glória em glória e de fé em fé, em Cristo e no seu Evangelho. 
Falar do Pai e de Cristo como ambos sendo Deus-Amor, sem no entanto falar de Cristo ofertado em juízo de amor pelo Pai na cruz, para nos salvar e a partir daí nos dar de seu Espírito, o qual nos transforma à imagem de Cristo; é vã-glória, é vaidade, é apenas psiquismo e racionalismo humanista de pretensão espiritual, pois é apenas mais uma religião da Terra que tenta chegar a Deus pelos próprios recursos humanos.
Não nos equivoquemos, o Homem está mesmo caído, destituído da glória de Deus e afastado de Deus. Ora tal afastamento não é feito por Deus.
Deus não se escandaliza e nem se afasta. Deus não se escandaliza de nossa queda e de nossas falhas para com o Amor. 
A quebra do amor é o pecado, o qual não faz mal a Deus e jamais o escandaliza, pois Ele sabe bem do processo inevitável que conduz do primeiro e caído psíquico Adão, até ao segundo e derradeiro Adão -  Cristo, o Homem Espiritual. 
Deus está afastado de nós não geograficamente, pois Deus é omnipresente. Deus está afastado de nós Humanidade, porque a Humanidade é que se afasta de sua natureza e essência pura de Amor. Sim, a Humanidade afasta-se e Deus a busca através do Filho.
Portanto devemos nos regozijar porque somos queridos a Deus e Deus revela a loucura de seu amor para alem do bem e do mal, na cruz do calvário, onde histórica e tangivelmente foi encarnado tal Amor eterno por nós.  O Homem é a menina do olho de Deus, se me permitem o antropomorfismo, pois somos homens e comunicamos o inefável em linguagem de Homem.
Deus nos ama louca e intensamente e por isso criou o universo, para que sejamos sua família. 
Um deus que exerça juízo sem prévia paciência e sobretudo sem Amor que graciosamente nos salve, não é o verdadeiro Deus-Amor.
Um deus que pretenda ser o Deus-Amor, mas que não exerce juízo sobre o não-Amor e que sobretudo não encarna para em louco amor morrer  e ressuscitar por nós, a fim de nos salvar para o eterno universo do reino exclusivo de Amor, não é o verdadeiro Deus-Amor.
Ora por reação compreensível em repugnância para com o legalismo e fanatismo neo-farisaico, muitos rejeitam a verdade de que nós somos seres caídos, que precisam de se arrepender e cujos corações estão destituídos da glória de Deus. Caem no extremo do humanismo e gnosticismo que sempre afirmou a falácia de nossa bondade intrínseca e recursos interiores próprios para salvação.
O Reino de Deus está em nós, disse Cristo, mas temos de o buscar no Espírito, pois sozinhos não chegamos lá.
Não se pretende aqui agradar a neo-fariseus e nem a neo-gnosticos, ambos pensando que por si sós lá chegam, sendo que os primeiros creem que podem efetuar performance de perfeição ética, e os segundos julgam ter em si a bondade, a inteireza e os recursos espirituais para acessarem o Reino do Divino, sendo que ambos não reconhecem a sua queda e necessidade de salvação.
Ora Jesus é um médico enviado a toda a Humanidade, mas só salva os que querem consulta com ele, declarando-se doentes. Ora isto mesmo não é humilhar e aviltar a dignidade humana, é apenas realismo e verdade que permite que sejamos curados e sublimados por Cristo à condição de Humanidade perfeita.
Por isso precisamos de nos arrepender, sabendo que arrependimento é metanoia, que significa mudança de consciência. Mas esta mudança de consciência, apesar de não ser apenas sentir-se mal pelo que se fez de mal, é também isso.
A metanoia é uma transformação interior que é processual e envolve a totalidade do homem. Não é apenas sentimentos pelo mal do passado cometido, tipo remorso. Mas também não é apenas racionalizar destituído de emoções, que o que se fez estava errado e que agora se fará o que é certo. 
Metanoia, arrependimento, é mudar de consciência, sentindo que o que se fez foi mal, sentindo alguma tristeza para com o mal cometido, mas não tristeza de condenação. Deve-se sentir a tristeza de que Paulo falava aos corintios, o contristar operado pelo Espírito na nossa consciência que opera vida. Ficamos contristados pelo que fizemos, ganhamos consciência de como devemos ser, superamos a tristeza pelo perdão e consciência da graça e tornamos nos pessoas melhores. Mas passa por admitirmos nossas falências quer em termos de performance não ética, quer em termos de má gnose, má consciência.

Mas voltemos a Jesus e ao sermão do monte galileu e ás 10 bem-aventuranças.

Isaías profetizara que na Galileia, antiga terra das tribos de Neftali e de Zebulom, chegaria primeiro a luz do Messias, pois Deus em seu louco Amor julgara primeiro a Israel,  mas também salvaria primeiro a esta mesma região do norte de Israel: a Galileia.
Onde começara em amor a exortação, começara também em amor o juízo pelo não arrependimento diante da exortação; mas também aí começaria primeiro a revelação do Messias e do Amor da luz do Divino. E Deus manifesta-se também primeiro entre a Galileia das nações, ou seja, entre gentios, deixando para depois Jerusalém, a Judeia e o Templo; uma vez que Jesus começa seu ministério em Jerusalém na Páscoa, conforme vemos no evangelho de João, mas de imediato vai para a Galileia, onde se manifesta com mais intensidade.
Então Deus encarna em Jesus, o qual vive na Galileia, o qual é o Messias, pelo que na Galileia em trevas à mais tempo, chega primeiro a luz.
Quão loucos e lindos são os juízos de Deus!
Deus falou do Monte Sinai, deu a Aliança, mas em terrível som, com trovões e tremor de terra, com o povo cheio de medo pela presença da pureza e majestade Santíssima do Altíssimo. Moisés foi o veículo de temporária Aliança. Moisés profetizou que viria outro profeta como ele, no sentido de ser mediador de Aliança com Deus.
Mais tarde os profetas profetizam que o mediador da Nova Aliança será o Messias.
Israel percebe então que o mediador da nova Aliança, que será eterna, será promulgada pelo Messias, pelo que o Messias é também o Profeta de que falou Moisés.
Isaías vai mais longe e diz que o Servo Messias será morto, mas ressuscitará e justificará a muitos e seu nome será majestoso e altíssimo, sendo que tais títulos são prerrogativas exclusivamente divinas. Isaías profetiza que o Messias terá prerrogativas divinas - Isaías 52-53.

Vemos então Jesus, o Cristo, o Profeta mediador de uma Nova Aliança, que como Moisés, dá a Palavra da Aliança no Monte, mas desta feita não um monte terrível do deserto, mas antes um verde, bucólico e tranquilo monte da Galileia, na Terra Prometida.
No Sinai o povo não conseguia e não suportava ouvir a voz de Deus transmitir sua Palavra de Aliança. O ambiente era terrível, pois era tempo de primeiro o povo conhecer a Majestade, Pureza, Integridade e consequente Terribilidade da Plena Pureza Divina.
Agora o povo podia ouvir a voz de Deus transmitir a Palavra da Nova Aliança. O mediador como Moisés era Jesus, o Profeta, mas que era também o Messias, o Rei do Reino dos Céus. Jesus era também Deus, pois Isaías previra que o Messias teria prerrogativas divinas como já mencionei, alem de que em Jesus, Deus fala diretamente com o povo. Sim, Jesus é que fala a Palavra da Nova Aliança de Deus, pois Jesus é Deus e por isso a pode falar.
É num monte na Galileia, onde houve primeiro o juízo de Deus, no meio de gentios, que Deus decide ofertar sua Nova Aliança e a Palavra de seu Reino.
O povo escutava sereno e tranquilo. Deus Filho falava. Moisés dera 10 mandamentos, que o povo já percebera que eram Lei de mandamentos de amor para a comunidade. O povo já percebera que não os conseguira viver por si só, pois ter gnosticismo, conhecimento da Verdade, não chega para viver a Verdade.
Então o povo sabia que as ordenanças da Lei, eram mandamentos de amor, e era isso que ensinavam as escolas rabínicas, tanto a de HIllel, quanto a de Shamai.
O povo já entendera que não conseguia obedecer à Lei do Amor, e sabia do juízo que viera por isso mesmo. O povo esperava que o Messias viesse e que através dele Deus fizesse Nova Aliança, mas desta feita que eles a conseguissem viver. 
Eles sabiam que não conseguiam viver a Lei de amor. Alem disso eram oprimidos também por fora pelo jugo romano.
Mas vamos então ás bem-aventuranças, de nosso Novo Moisés, do Filho de Deus, que apresenta seu Decálogo como 10 motivos de exultação, 10 motivos de felicidade, 10 razões para ser alegre e verdadeiramente humano.
As palavra bem-aventurança é no original grego: Makarios. Esta palavra significa plenamente feliz.
Sim, agora podiam regozijar-se, porque seria possível viver a Lei do Amor.
Jesus propõe seu Decálogo de bem-aventuranças, como apontamento do que permite o Homem entrar no Reino de Deus, sendo que tal caminho começa no interior, é primeiramente intrínseco, depois então torna-se extrínseco, ou seja; Jesus como o Messias e Profeta, implementa a Aliança com Deus, que deve ser escrita no coração e não em tábuas de pedra, pelo que assim o povo poderá finalmente encarnar a Palavra de Deus que desce dos céus, conforme profetizou Jeremias.
Por isso as 4 primeiras bem-aventuranças são intrínsecas, de movimentos no interior do Homem, de consciência assimilada do Reino de Deus. As restantes 6 bem-aventuranças são o resultado das 4 primeiras, são a visibilidade do que sai do coração do Homem.

Vejamos então as 4 primeiras bem-aventuranças, que são como dizia intrínsecas, que são de inicio e entrada no Reino do Messias:

E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos;
E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo:
Bem-aventurados os mendigos de espírito, porque deles é o reino dos céus; - Mateus 5:1-3.

Sim, a palavra no original é mais forte que pobres, é mendigos mesmo, gente completamente falida, gente em bancarrota, gente paupérrima, gente sem recursos alguns.
Começamos nossa caminhada consciente no Reino apenas se reconhecermos que somos caídos, que não temos dentro de nós recursos espirituais para ser felizes e para o Reino da Plenitude da Felicidade exclusiva do Amor.
Por mais que gurus e novas religiões o desejem, por mais que queiram glorificar o Homem, apenas em Jesus o Homem é dignificado e sublimado. Apenas em Jesus. E Jesus veio porque nós não damos conta do recado sozinhos. A história de Israel mostra que o povo não consegue viver a Verdade. A Verdade da Palavra é de natureza e essência contrárias à nossa natureza de essência egoísta, e isto porque estamos caídos. 
Nós sozinhos, dentro de nós, por mais que desejemos, não temos recursos psíquico-espirituais para chegar a Deus e à felicidade verdadeira.
Glória ao Cordeiro!
Nós entramos no Reino dos céus não porque somos bons, mas porque Deus é bom e supre nossas necessidades. O Homem é contrário à ética do divino que é Amor e altruísmo.
Felizes os mendigos de espírito, pois o mendigo reconhece que nada tem e que necessita e por isso pede, por isso implora com desejo intenso, que lhe seja dado o que lhe faz falta e é imprescindível. O Reino dos céus é dos que reconhecem que em si não há recursos espirituais nem psíquicos, que estão falidos, mas que desejam e pedem com intensidade que de graça lhes sejam dados os recursos espirituais do Reino dos céus. 
Ora sabemos da mensagem do Messias Jesus que tais recursos são seu próprio Espírito Santo.
Nem mais, sem o Espírito Santo o homem não é templo do Altíssimo, nada pode. Deus é que vem ao nosso encontro, morre e ressuscita pelo juízo que nos dizia respeito, de graça, sendo que na mesma graça nos dá de seu Espírito para que sejamos transformados à sua imagem. Isto é dignificar o Homem e é glorificar a Deus.
Começamos reconhecendo nossa extrema necessidade de recursos espirituais, que Jesus supre, pois dá-nos o Espírito de Deus e nEste oferta-nos o Reino dos céus.


Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados; - Mateus 5:4.

E quando recebemos de seu Espírito, tornamos nos ainda mais despertos e sensíveis à nossa bancarrota espiritual e à nossa falência psíquica e existencial. Mas essa tristeza é consolada pelo Consolador que nos foi dado por sermos mendigos do espiritual. Sim, o Espírito faz-nos ver nossas misérias e bancarrota, supre nossas necessidades e não nos deixa em condenação, pois Ele consola-nos. Ora a consolação depende da Esperança e a Esperança sabemos que é confiar e esperar o melhor de Deus por vir, ao nosso interior e ao universo.
E é isso mesmo que o Espírito de Deus faz, Ele consola-nos, perdoando-nos, motivando-nos a melhorar, transformando-nos, fazendo de nós pessoas melhores e à imagem do Filho, algo que nós por nós mesmos jamais seriamos capazes. O Espírito consola-nos, mostrando o que seremos, o que poderemos fazer de bom nEle e o que o mundo será no futuro.


Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra; - Mateus 5:5.

Agora suprida nossa necessidade espiritual pelo Espírito de Deus, consolados por Ele pelo perdão e motivados por um nosso ser melhor e por uma sociedade melhor, tornamos nos mansos e humildes. Pois fomos mendigos e consolados, entendemos que o salmo que fala de herdar a Terra mansamente, é um salmo messiânico que ensina que na Lei do amor está no dar e ofertar, em vez de negociar, vender, possuir, comprar, consumir, acumular.
É num ser livre de consumismo e de ser possessivo, é num ser que não pretende conquistar coisas para si, é num ser que não vê as coisas como minhas, mas antes como nossas; é neste ser que está a felicidade e é a este ser que Deus dará a Nova Terra. Como dizia Paulo, tudo o que é de Deus é de Cristo e tudo o que é de Cristo é nosso. 
Já não há elites, todos somos seus cooperadores e sacerdotes. Todos somos reis da Terra com Ele, sentados com Ele nos lugares altos, seus co-herdeiros. Tudo é nosso porque a nada nos apegámos e tudo pretendemos ofertar, logo as coisas são nossas em vez de as coisas nos possuírem, pois quando as coisas nos possuem, não as conseguimos dar.
A condição mansa e humilde erradica o ser o desejo de competição, de ser predador, de ser o maior, de possuir, de conquistar, de violência, de opressão. Por isso já na própria Antiga Aliança, a Lei mandava cuidar do estrangeiro, partilhando com ele a terra, assim como a terra era distribuída por todos equitativamente; sendo redistribuída novamente sempre que necessário, pois quando alguns acumulavam e ficavam com terras de outros, nos anos de jubileu e de 7 em 7 anos, dividas eram perdoadas e equidade era implementada para que todos tivessem o mesmo e a mesma dignidade.
Não seria diferente com o Messias, pois ele não vinha abolir a Lei, mas antes vinha sublima-la, ilumina-la e implementa-la nos corações dos homens.
Todas as nações que se dizem cristãs e fazem guerras de conquista de terras em egocentrismo e etnocentrismo, são na verdade discípulas de um anti-cristo. Todas as comunidades sem igualdade e equidade são comunidade de um falso cristo.



Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos; - Mateus 5:6

Esta é a ultima bem-aventurança intrínseca, que abre porta para as exterioridades do homem que é justo e espiritual e o manifesta no exterior sem hipocrisia.
A palavra no original é Dikaiosunê - que significa uma justiça de equidade, de imparcialidade.
Ora o homem que era mendigo do Espírito, que foi Consolado chorando suas misérias e iniciou processo de transformação sendo manso e humilde, é ainda esfomeado e sedento de justiça. Porquê? Ora muita gente tem confundido este fome e sede de justiça, como o desejo de alguém, que sendo um discípulo de Cristo que sofre perseguição e injustiças, clama a Deus para que se lhe faça justiça. Mas não é isto que Jesus aqui afirma. O que Jesus aqui afirma é precisamente o contrário. A questão do individuo que sofre injustiças e pede justiça a Deus é mencionada por Cristo, mas apenas na bem-aventurança numero 8, a que é a 4ª bem-aventurança exterior, de obras exteriores.
Então do que trata esta fome e sede de justiça?
Ora esta fome e sede de justiça trata da verdade de que em nós não há recursos e é recorrente este sentimento nos santos, assim como é bom que se o tenha sempre antes de começarmos nossas boas obras. 
Jesus fala da justificação pela graça, ou seja, da justificação que há em Cristo, nos seus méritos e perfeição e que nos são imputados a nós injustos e imperfeitos. Não esqueçamos que para ser injusto basta cometer uma injustiça e que para ser justo é necessário não cometer nenhuma injustiça nunca e portanto ser perfeito e infalível.
Antes de começar a falar das bem-aventuranças, ou seja, da felicidade daquele que faz boas obras no Reino, antes disso, Jesus lembra que o individuo feliz do Reino, é o que antes de fazer boas-obras tem sempre consciência de que é imperfeito e que necessita sempre de ser justificado pela graça. O individuo novamente reconhece suas limitações, sua imperfeição, suas lacunas, suas vulnerabilidades, sua necessidade do auxilio divino. 
Esta felicidade não é a de um individuo que vive em condenação, mas a de alguém que em alegria e felicidade reconhece sua fome e sede de ser justificado pela graça, pois reconhece que em si não há justiça, porque a justiça divina é perfeita.
Antes de fazer boas obras justas, o justo lembra que foi mendigo do Espírito, que foi Consolado, transformado em alguém humilde, mas que ainda assim não conseguiu ser perfeito e que o bem da justiça tem de lhe ser imputado gratuitamente por Deus.
O individuo reconhece sua fome e sede de justiça, que no original tem a ver com justiça de equidade, sabendo nós que por melhores que sejamos, por mais que tenhamos sido transformados, continuamos ainda a ser pessoas com egoísmo. É verdade que estamos a ser transformados. É verdade que melhoramos, é verdade que nossa consciência mudou, mas também é verdade que ainda não somos Cristo, ainda temos o ego a ter de ser constantemente crucificado e ainda falhamos. Sim, ainda falhamos, pelo que precisamos de como Paulo viver de fé em fé no Evangelho que nos justifica gratuitamente em Cristo, no poder do Evangelho.
Sim, temos já consciência do Reino, temos já o Espírito e somos consolados, por isso somos humildes e mansos, reconhecendo que ainda há injustiça em nós e por isso não somos ainda como Cristo, pelo que estamos esfomeados e sedentos de justiça de equidade em nós.
O ser egoísta não é de justiça e equidade, pois é parcial e está mais centrado em si que no próximo, ainda que seja já do Reino.
Paulo dizia aos filipenses: quanto a mim não julgo que o haja alcançado, mas uma coisa faço, a qual é, esquecendo-me das coisas que para trás ficam, prossigo para o alvo, que é a soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.
O cidadão do Reino, mendigou o Espírito e o recebeu, chorou suas misérias e foi Consolado, por isso se tornou manso e humilde, sendo que nesta humildade, reconhece diariamente, constantemente, que está num processo, que é ainda alguém imperfeito, pelo que está esfomeado e sedento por ser justificado. Ora só pode ser justificado no Messias Cordeiro. A nenhum homem é comunicada justiça e equidade sem ser gratuitamente pelo Cordeiro.
Então, pela graça, o sedento e esfomeado de justificação de equidade, é fartamente alimentado por Deus. Fica de barriguinha cheia, pois em Cristo está toda a justiça justificadora. gratuitamente.
Então nesta condição de consciência de necessidade do Espírito, no Consolo das misérias perdoadas e da humildade adquirida, o cidadão do Reino com a Esperança do Consolo, prepara-se para manifestar sua condição feliz e do reino ao exterior, pelas suas boas obras, não sem antes se lembrar sempre de que também ele necessita de gratuitamente ser justificado.
Nesta altura do processo, já o cidadão do Reino tem a Lei do Amor da Nova Aliança do Messias escrita em seu coração.


Vejamos as 6 felicidades exteriores, a manifestação visível da Aliança escrita no coração:


Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia; - Mateus 5:7

Esta é a primeira felicidade manifesta ao exterior do homem feliz: a misericórdia.
O individuo tendo passado pelo processo de reconhecer sua falência espiritual, tendo sido consolado, tendo sido motivado pela Esperança, tendo sido transformado pelo poder de Deus em alguém manso e humilde, reconhecendo sua justificação gratuita em Cristo, não tem outra alternativa coerente que não seja a de ser misericordioso.
Ora se ele é perdoado, se tudo lhe é dado gratuitamente, como não perdoar também os outros.
Por isso, ele agora tem boas obras, as quais começam por partilhar o que recebeu: a misericórdia de Deus. O reconhecimento da universal falência da humanidade, assim como o juízo da Humanidade em Cristo, e a oferta universal do Espírito.
Quando Jesus aparece em Israel e começa a perdoar pecados, exercendo misericórdia, os religiosos escandalizam-se porque só Deus é juiz e logo só Deus pode perdoar. Mas também apenas o juiz pode condenar, sendo que se só Deus é juiz, só Deus pode condenar, no entanto eles tinham ministério de condenação.
Foi radical a inserção do perdão por parte de Jesus. O karma foi quebrado. Foi uma revolução cósmica, verdadeiramente.
Ainda hoje a psicologia vai descobrindo as consequências psíquicas e sociais da culpa. São devastadoras, tornando a vida dos homens miserável, criando divisões, opressões, suicídios, homicídios, infelicidade, neuroses, etc...
A solução para a culpa, não é o que os gurus desta nova de retorno ao metafisico preconizam, de se deixar de falar de culpa, deixar de falar de falhas, deixar de falar da queda Humana, deixar de falar da maldade humana, etc...
Não é solução a dos gurus e life-coachers, porque não falar da culpa, não resolve o problema, antes desumaniza o homem, tornando-o alienado da ética e da realidade.
A solução é a misericórdia do amor de Deus!
Jesus foi revolucionário, pois nenhum dos éticos da espiritualidade que o precederam tiveram tamanha ousadia e sobretudo revelação.
Buda, assim como o hinduísmo, afirmavam que teríamos de reencarnar e sofrer para expiar nossas culpas. Que devaneio e falta de graça. Mas compreende-se, pois Sidarta foi chamado de Iluminado, mas não era a luz do mundo. A luz do mundo foi profetizada por Isaías na pessoas do Messias, 200 anos antes de Sidarta.
Não é uma condenação ao budismo e nem a nenhuma religião. Compreendo e valorizo a defesa ética destas religiões, assim como compreendo que seus fundadores não são Deus, sendo que por isso jamais poderiam resolver este problema. Este problema só Deus o poderia resolver, encarnando e morrendo por nós, a fim de queimar o Karma, para nos dar o Espírito, o qual nos transforma à imagem de Cristo.
Então a misericórdia é o enorme privilégio que temos de exercer o chamado divino do Reino, embaixadores da reconciliação com Deus, dizendo que em Cristo, Deus não imputa aos homens os seus pecados.
A misericórdia é uma enorme bem-aventurança. A misericórdia é o perdão divino manifesto aos homens, por intermédio de homens, a fim de os libertar da culpa e de suas nefastas consequências já referidas acima.
A misericórdia é manifesta por quem reconhece que precisa dela todos dias, não podendo por isso condenar os outros. Ora propor ás pessoas um melhor caminho, é profecia, mas condenar as pessoas sem espaço para o perdão e mudança, é diabólico.
Ao pecador mais hediondo deve ser pregado que Deus o perdoa em Cristo.
Comunidades de pessoas em nome de Cristo, que não exercem assídua e universalmente a misericórdia, são comunidades do anti-cristo.
O cidadão do Reino reconhece que seu crescimento e transformação devem-se aos recursos do Espírito que lhe foram concedidos gratuitamente. O cidadão reconhece nesse processo, a sua ainda constante imperfeição, pelo que por isso tem fome e sede de ser justificado gratuitamente, e ao sê-lo, nessa felicidade, parte para a maior felicidade de comunicar tal misericórdia ao próximo.
A comunidade da misericórdia é a comunidade que é a sociedade toda feliz.



Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; - Mateus 5:8

Por tudo o que foi dito antes, o cidadão em tal processo de transformação, vê seu coração ser limpo. Ora sabemos que é do coração que procedem as saídas da vida. O limpo de coração é verdadeiramente feliz, bem-aventurado, pois pode agora contemplar a Deus.
Sabemos que da pureza de coração procedem os bons atos humanos. A partir de agora o cidadão atua como quem vê a Deus, atua como Estêvão, como Paulo e os demais. 
Não é dissociado disto o facto de Jesus ser Deus e de se identificar com os pobres, vulneráveis, quebrados e marginalizados da sociedade. Deus só pode ser visto no próximo.
O cidadão reconhece o que Deus fez nele que era e é mendigo de Espírito e esfomeado-sedento de justificação gratuita em Cristo. Por isto dito, o cidadão reconhece Deus em si, vê a imagem do divino começar a ser restaurada em si, seu coração é limpo por Deus e começa assim profeticamente a olhar o próximo, enxergando o que Deus já é no próximo, ainda que de forma caída, mas vê sobretudo o que o próximo poderá ser se conhecer o Amor divino que tem para lhe revelar, começando por seu olhar.
O cidadão começa a ver o valor a vida humana, crendo que esta pode ser restaurada, pois experimentou-o ele mesmo, de forma que contempla profeticamente o divino na vida do próximo.
Como poderia ele amar a Deus a quem vê se não amasse o próximo a quem vê e com os quais Jesus Deus Filho se identifica?
O cidadão que passa pelo processo de constantemente se sentir dependente e necessitado de Deus, vê seu valor restaurado e passa a ver o valor do próximo, pelo que olha e vê primeiro o bem no próximo. O cidadão olha com Esperança, vendo no próximo o bem de Deus que já lá existia, vendo apenas depois o mal, sendo que ainda assim, o olha com misericórdia e sempre com Esperança.
O olhar do cidadão do Reino é limpo e puro, não vê apenas o mal e nem tem prazer no mal no próximo.
Da limpeza de coração procedem as dinâmicas da vida e a contemplação do divino no próximo.



Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; - Mateus 5:9-10

Outra grande felicidade, que Francisco de Assis, Tolstoi, Gandi, Martin Luther King Jr e outros experimentaram.
O pacificador é aquele que traz paz. A paz é comunicação da paz interior, mas tem de se manifestar exteriormente.
A shalom hebraica, que traduzimos por paz, era dependente da paz social, pois a paz social era a justiça individual e comunitária de todo Israel. Quando o povo obedecia ás ordenanças de amor da Lei, havia equidade e justiça social, todo o individuo era dignificado e cuidado, tendo o que era essencial à vida. Era uma comunidade que vivia em paz, sem assimetrias económicas, sem miseráveis e sem pobres, sem elites opressoras, com todos a ter o mesmo acesso a a educação, trabalho, terra, etc... 
Todos tinham os mesmos direitos e deveres. Todos eram cuidados, especialmente os vulneráveis como viúvas e órfãos. Os estrangeiros deveriam ser tratados como eles israelitas gostariam de ter sido tratados no Egito, de acordo com a ordenança em Levítico.
A paz depende do equilíbrio psíquico de todos indivíduos consigo mesmos, com Deus e com o próximo, criando assim uma sociedade justa e em paz.
Ora quando Jesus veio, não havia paz social, pois os romanos oprimiam económica, cultural, política e etnicamente os judeus. O que Jesus fez foi dar-lhes do Espírito que traz a paz de Deus, intima, não dependente de condições exteriores, mas que os conduziria a promover a paz social. Foi isso que a Igreja fez e vemos em Atos dos apóstolos, pois tinha tudo em comum, cuidavam de todos sem exceção e sem aceção de pessoas, criando assim uma comunidade justa e de paz social de equidade, no meio de uma sociedade injusta.
Ora foi isto mesmo que Gandi e Martin Luther King Jr fizeram, entre outros, pois não se conformaram com as desigualdades sociais, que oprimiam e tornavam infelizes muitas centenas de milhares de indivíduos.
Falo deles porque eles são bom exemplo de pacificadores, pois foram pessoas pacificas, que não respondendo ao mal com mal, nem à violência com violência, ainda assim pacificamente denunciaram as injustiças sociais, que roubavam a paz à sociedade.
Eles conseguiram-no, com coragem e sem medo da morte.
Foi também isso que Jesus fez por excelência.
Foi isso que a Igreja primitiva também fez, criando uma comunidade fraternal e igualitária, dentro de uma sociedade injusta, a qual denunciavam com seu puro estilo de vida, assim como com denuncia verbal, nunca destituída de amor e misericórdia no tom.
Uma comunidade de indivíduos em nome de Cristo, que apenas se juntam e manifestam socialmente contra o aborto e homossexualidade, mas que não se juntam para marchar nas ruas e denunciar o capitalismo, a corrupção, a má educação, o mau serviço publico de saúde, o desprezo pelos estrangeiros, assim como todas as injustiças e assimetrias sociais, tal comunidade não é de Cristo; mas antes é do anti-cristo, pois a comunidade do anti-cristo é apoiada por seus discípulos e é comunidade que monta um estado que faz guerras e explora países e seus próprios cidadãos em assimetrias nacionais e globais.
O verdadeiro cidadão do Reino chega aqui ao ponto de lutar pacificamente contra as injustiças sociais que roubam a paz dos indivíduos e consequentemente a paz social.



Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus;
Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. - Mateus 5:10-12

Estas 3 ultimas bem-aventuranças, são o culminar cristico da plenitude da felicidade. É até loucura falar disto, sem o ter vivido em sua mais radical forma, a qual é o martírio, mas o Espírito nos leva a entender. Percebe-se que quando Estêvão está a ser julgado e prestes a ser martirizado, que ele já está mais com os pés noutra dimensão do que aqui. Percebe-se que ele está já possuído de uma alegria e êxtase, assim como ausência total de medo, que são inexplicáveis à mera racionalidade e psicologia. Estêvão estava completamente em sintonia com o Espírito, contempla já o Messias, sabe que vai partir, e na morte perdoa seus inimigos.
Isto é incompreensível para nós, mas na fé se percebe.
Os cidadãos que chegam a este estágio de transformação espiritual, estão já em tremenda comunhão com o Espírito. Veja-se Paulo e outros, como Pedro, que quando perseguidos e espancados, regozijavam-se por sofrer em nome de Cristo, ou seja, no propor do Reino.
Intui-se pela fé que tal gozo advém precisamente pelo crucificar intenso e tremendo do próprio ego, que é instintivo, auto-promotor e completamente auto-preservador. Quando o individuo já não teme a morte, quando imita Cristo de forma genuína na proposição do Reino, então é verdadeira e totalmente feliz.
O ego com suas dinâmicas de auto-preservação e auto-promoção, leva-nos paradoxalmente a ser infelizes, quando o que mais deseja é ser feliz, mas seus instintos são contrários à Verdade. Só a Verdade faz feliz e a Verdade é o altruísmo do Amor do Reino. Nós queremos desesperadamente ser felizes, mas paradoxalmente boicotamos nos, deixando-nos levar pelos instintos do ego.
Por isso quando chegamos ao ponto de crucificar o egoísmo radicalmente, com consciência pacificada, sem vaidade, aí acontece inexplicável Felicidade e Bem-aventurança.

Por isso resta-nos exultar e alegrarmos nos pelo Reino que está proposto, mas para tal temos de pegar nossa cruz e segui-Lo no Caminho da crucificação do ego.
Não tenhamos medo, o ego só boicota nossa felicidade.
Tenhamos coragem, não depende de nós e nem de nossos recursos, mas sim do Espírito e da obra do Cristo, nosso Senhor Jesus.

No demais, Jesus continuou sua explanação do sermão do Monte, relembrando a Lei e seus mandamentos de amor, mas frisando que têm de ser verdade interiorizadas. 
Moisés teve sua síntese da Lei da Velha Aliança no Decálogo e também depois a Lei aplicada ás mais variadas circunstâncias da vida quotidiana do povo.
Da mesma forma Jesus, o Messias Profeta, o Filho de Deus, o mediador de uma Nova, Melhor e Eterna Aliança, dá-nos a Lei desta mesma Aliança, não abolindo a Antiga; mas antes cumprindo-a, sublimando-a, iluminando-a, escrevendo-a em nossos corações pelo seu Espírito, no qual falou seu Decálogo de 10 bem-aventuranças, assim como também depois fez exposição ao quotidiano da vida do povo dos mesmos princípios das ordenanças da Lei do Amor.
Jesus traça aqui o seu próprio retrato, o do Homem plenamente feliz e alcança tal felicidade começando por a falar no monte da Galileia e encarnando tal felicidade e Verdade no monte do Golgota.

J.P. Maia, a viajar no Espírito até ao sopé do florido e verdejante Monte da Galileia, longe do inóspito Monte Sinai, ouvindo o seu Messias, que está sentado, tranquilamente falando a Palavra da Lei do Amor, hoje compiladas nas Escrituras Inspiradas, em fins de Maio de 2014.

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